A área ardida em Portugal disparou em 2025. Até 15 de julho, mais de 10.700 hectares foram consumidos pelas chamas, um número três vezes superior ao registado no mesmo período de 2024, segundo dados divulgados pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF). E este número não inclui ainda os grandes incêndios da última semana, como os de Ponte da Barca ou Arouca.

O relatório do ICNF indica que 3.370 incêndios rurais ocorreram nos primeiros seis meses e meio do ano, um número ligeiramente inferior à média dos últimos dez anos. Mas apesar da redução no número de ocorrências, os fogos foram mais devastadores: 22 incêndios de grandes dimensões consumiram sozinhos mais de 6 mil hectares — representando 57% da área ardida total.

Zonas de mato, povoamentos florestais e terrenos agrícolas foram as áreas mais afetadas, com destaque para os distritos de Évora (2.438 ha), Beja (2.058 ha) e Viana do Castelo (1.522 ha). Já o mês de junho registou o maior número de ocorrências, com 1.251 incêndios e 3.367 hectares de floresta destruída.

Mesmo com uma redução de 36% no número total de incêndios e 46% na área ardida face à média da última década, o ICNF nota que os fogos têm-se tornado mais violentos. Segundo o instituto, mais de metade dos incêndios em 2025 ultrapassaram os 100 hectares de área ardida.

O relatório aponta ainda para um agravamento das causas humanas: das 2.374 investigações concluídas, 24% foram provocadas por incendiários, 13% por queimadas extensivas e 11% por queimas de amontoados de sobrantes agrícolas ou florestais.

A situação agravou-se nas últimas semanas, com fogos de grandes proporções a devastarem milhares de hectares. Em Ponte da Barca, o incêndio iniciado no sábado destruiu já cerca de seis mil hectares do Parque Nacional da Peneda-Gerês, tendo alastrado ao concelho de Terras de Bouro. O presidente da autarquia, Augusto Marinho, afirmou à agência lusa que a maior preocupação é impedir o avanço das chamas para as aldeias de Sobredo e Lourido.

Também em Arouca, o fogo devastou mais de cinco mil hectares, elevando a estimativa total da última semana para cerca de 30 mil hectares de área ardida, segundo os dados mais recentes do Sistema de Gestão de Informação de Incêndios Florestais (SGIF).

Ao início da noite desta quinta-feira, a Proteção Civil mobilizava 3.233 operacionais, apoiados por 1.100 meios terrestres e 21 meios aéreos, para o combate às chamas em vários pontos do país. Seis incêndios estavam classificados como ocorrências significativas — entre eles os de Ponte da Barca, Paredes, Cinfães, Viseu, Gondomar e Arouca.

Em Penafiel, a situação agravou-se e obrigou à retirada da população da aldeia de Canelas, num fogo que se estendeu ao concelho de Gondomar, com três frentes ativas.

em Nisa, o incêndio que deflagrou na terça-feira foi dominado na quarta-feira e entrou esta quinta-feira em fase de conclusão.

Entretanto, a Polícia Judiciária deteve 26 suspeitos de fogo posto desde o início do ano — mais do que no mesmo período de 2024, em que foram detidas 20 pessoas.