
A Cruz Vermelha Portuguesa (CVP) reforçou a sua operação de resposta aos incêndios que têm assolado o país, mobilizando 423 operacionais e mais de 100 viaturas. Nos últimos dois dias, a instituição ativou quatro unidades de apoio, conhecidas como rest spaces, que funcionam como áreas de retaguarda nos teatros de operações.
Atualmente, encontram-se em funcionamento dois destes espaços: um em Meãs, na Pampilhosa da Serra (Coimbra), e outro no Fundão (Castelo Branco), este último com capacidade para 250 operacionais em permanência e que integra um posto médico móvel. Outras duas unidades foram entretanto ativadas em Arganil e na Ponte das Três Entradas, em Oliveira do Hospital, mas já foram desmobilizadas.
Estes rest spaces garantem condições de descanso, higiene, alimentação, apoio psicossocial e recuperação física para bombeiros e equipas envolvidas no combate às chamas.
Além do reforço humano e logístico, a CVP estabeleceu uma parceria com a plataforma Glovo, que permitirá, a partir de quarta-feira, que os utilizadores façam doações diretamente na aplicação, contribuindo para a resposta humanitária em curso.
Segundo Gonçalo Órfão, coordenador nacional de emergência da CVP, o atual cenário “exige muito dos operacionais”, sublinhando que a morte de um bombeiro em missão recorda “de forma dolorosa os riscos diários para quem está na linha da frente”.
Nos últimos dias, a CVP integrou operações em 25 teatros de incêndio, tendo registado 85 ocorrências e realizado 30 evacuações preventivas em articulação com os restantes agentes de proteção civil. O dispositivo inclui 107 ambulâncias, 18 centros de coordenação móveis, 12 viaturas de logística, um posto médico móvel, uma viatura de comando, três zonas de apoio à população e quatro rest spaces, dois deles ainda ativos.
A resposta é acompanhada pela Sala de Crise Nacional (SALOP), ativa 24 horas por dia, bem como por 42 delegações da rede da Cruz Vermelha. A instituição dispõe ainda de uma equipa de drones para monitorização e apoio às operações.
Portugal continental tem enfrentado, desde julho, uma vaga de incêndios rurais, sobretudo nas regiões Norte e Centro, em contexto de temperaturas elevadas que motivou a declaração da situação de alerta desde 2 de agosto. Os fogos já provocaram dois mortos — incluindo um bombeiro —, vários feridos, e destruíram habitações, explorações agrícolas e áreas florestais.
De acordo com dados oficiais provisórios, até 19 de agosto arderam mais de 201 mil hectares, ultrapassando a área total ardida em todo o ano de 2024. Para reforçar os meios nacionais, Portugal acionou o Mecanismo Europeu de Proteção Civil, tendo já recebido dois aviões Fire Boss.