O ano de 2025 já está marcado como um dos mais devastadores em matéria de incêndios florestais, com mais de 250 mil hectares consumidos pelas chamas, vítimas mortais, casas destruídas e explorações agrícolas reduzidas a cinzas. A Confederação Nacional da Agricultura (CNA) lamenta não só a dimensão da tragédia, mas também a falta de resposta eficaz do Governo, que, acusa, repete promessas sem concretizar soluções.

Em comunicado, a CNA manifesta solidariedade com agricultores, produtores florestais e populações que perderam culturas permanentes, pastos, olivais, vinhas, pomares, estábulos e máquinas agrícolas, assim como com os bombeiros e sapadores que arriscaram a vida no combate às chamas. A organização frisa que o valor de 10 mil euros por agricultor é insuficiente para acudir a quem perdeu tudo, desde instalações a equipamentos.

Entre as medidas urgentes apontadas, a CNA defende apoio imediato à alimentação animal e à mitigação das perdas produtivas, sublinhando a necessidade de envolver as organizações de agricultores para evitar falhas já registadas no passado. Pede ainda a criação de parques de receção de madeira queimada, para travar especulação nos preços e negócios pouco transparentes.

O primeiro-ministro representou o Plano de Intervenção para a Floresta 2025–2050, apelando a um pacto de regime. Mas para a CNA, trata-se de mais um “caderno de intenções sem execução”, recordando que o Governo cortou 114 milhões de euros de apoios à floresta na reprogramação do PEPAC. A confederação acusa o Executivo de apontar a pequena propriedade como problema, ignorando o papel crucial dos baldios e dos agrupamentos em autogestão na proteção e gestão sustentável do território.

Para a CNA, o caminho passa por cumprir a Lei de Bases da Política Florestal, reforçar as equipas de sapadores e investir num modelo equilibrado que valorize o uso múltiplo da floresta, conjugando produção de madeira com pastorícia, pecuária e apicultura. Mais do que combater fogos, é necessário valorizar a agricultura familiar, travar o abandono do interior e garantir serviços públicos que impeçam a desertificação. Caso contrário, avisa a organização, novas tragédias continuarão a repetir-se.