
O Cinema Ideal, situado entre o Chiado e o Bairro Alto, em Lisboa, celebra esta semana o seu 11.º aniversário com uma programação especial que arranca na quinta-feira, 28 de agosto, e se prolonga até à próxima semana.
Reaberto a 28 de agosto de 2014 pela produtora Midas Filmes, que, desde então, tem feito “um trabalho de sobrevivência cada vez menos fácil numa cidade cujo centro agoniza”, lamentou hoje em nota de imprensa.
O aniversário é celebrado a partir de quinta-feira e até à próxima semana, com 11 filmes, com particular destaque para três obras portuguesas que foram digitalizadas recentemente pela Cinemateca Portuguesa e que foram “muito pouco vistas nas últimas décadas”.
Entre os filmes em exibição, sobressaem três títulos portugueses recentemente digitalizados pela Cinemateca Portuguesa e há muito ausentes dos circuitos de exibição: “Nós por cá todos bem” (1977), de Fernando Lopes, com apresentação de José Manuel Costa, ex-diretor da Cinemateca, “Onde Bate o Sol” (1989), de Joaquim Pinto, apresentado por Inês de Medeiros, presidente da Câmara de Almada e ex-atriz que trabalhou no filme e “Três Irmãos” (1994), de Teresa Villaverde, que marcará presença na sessão.
O Ideal volta ainda a projetar clássicos restaurados de António Reis e Margarida Cordeiro, como “Trás-os-Montes” (1976), “Ana” (1982), “Rosa de Areia” (1989) e “Jaime” (1974).
Outra vertente da programação foca-se na exibição integral dos filmes do realizador e escritor francês Guy Debord (1931-1994), “figura central da Internacional Situacionista e da Internacional Letrista”. Estão incluídas obras como a curta “Sobre a Passagem de Algumas Pessoas Através de uma Breve Unidade de Tempo” (1959) e a emblemática “A Sociedade do Espetáculo” (1973), baseada no livro homónimo e uma das mais conhecidas obras de Debord.
Num olhar sobre o presente e a guerra na Palestina, o Cinema Ideal vai exibir o documentário israelopalestiniano “No Other Land” (2024),premiado este ano nos Óscares e que expõe a destruição de casas de cidadãos palestinianos pelo exército israelita, na Cisjordânia.
O filme foi feito pelos realizadores palestinianos Ballal e Basel Adra, ambos residentes na Cisjordânia ocupada, e pelos realizadores israelitas Yuval Abraham e Rachel Szor.
Em antestreia no dia 3 de setembro, será também exibido “Com a alma na mão”, um diálogo entre a realizadora iraniana Sepideh Farsi e a fotojornalista palestiniana Fatma Hassona, falecida em abril, pouco antes da estreia do filme em Cannes. As receitas desta sessão revertem para a família da jornalista.
Paralelamente, a Galeria Monumental, em Lisboa, vai acolher entre os dias 2 e 6 de setembro uma exposição de fotografias de Fatma Hassona.
O Cinema Ideal é hoje uma das poucas salas independentes com entrada direta para a rua, resistindo ao encerramento de salas históricas no centro da capital. Instalado num edifício do século XIX e numa antiga sala de cinema, foi conhecido no passado como Salão Ideal, Piolho do Loreto, Cine Camões e Cine Paraíso.
*Com Lusa