
O Cais do Ginjal, em Cacilhas, Almada, voltou a estar aberto ao público depois de vários meses interditado devido ao estado de degradação do piso e de edifícios em risco de colapso. A zona, conhecida pela vista única sobre Lisboa e o Tejo, está agora acessível com passadiços de madeira e condições de segurança reforçadas, permitindo novamente passeios junto à margem.
A reabertura acontece após a declaração de situação de alerta em abril, que levou à interdição da circulação entre o terminal fluvial de Cacilhas e os restaurantes na zona do Olho de Boi. O Grupo AFA, proprietário dos imóveis em risco, iniciou, entretanto a demolição e estabilização de estruturas, permitindo reabrir a passagem pedonal.
“Hoje estamos a devolver este percurso às pessoas, não só de Almada mas também a muitos lisboetas que nunca viram Lisboa desta perspetiva”, afirmou a presidente da Câmara Municipal de Almada, Inês de Medeiros, durante a cerimónia simbólica de reabertura. A autarca destacou que foram colocadas estruturas provisórias para permitir a circulação segura, nomeadamente em zonas mais críticas sob responsabilidade da Administração do Porto de Lisboa.
Cerca de 50 pessoas que viviam em edifícios devolutos na zona foram desalojadas em abril e encaminhadas para uma Zona de Concentração e Apoio à População (ZCAP) instalada temporariamente na Escola Secundária Anselmo de Andrade, entretanto desativada. Segundo a autarquia, todas as pessoas foram acompanhadas pelos serviços sociais, sendo encontradas soluções caso a caso.
Na zona agora reaberta foi ainda instalada iluminação pública e está patente uma exposição sobre a história do Cais do Ginjal, um espaço de grande valor simbólico e cultural para a cidade.
Apesar da reabilitação parcial, subsiste um impasse jurídico entre o município e a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) relativo à classificação do domínio público hídrico. Em causa está a implementação do Plano de Pormenor do Cais do Ginjal, aprovado em 2020, que prevê um investimento de cerca de 300 milhões de euros numa área de 90 mil metros quadrados.
O projeto inclui a construção de 300 fogos habitacionais, várias frações comerciais e de serviços, um hotel com 160 quartos, equipamentos sociais e ainda 500 lugares de estacionamento. Até ao momento, o impasse legal atrasa o avanço do plano, cuja execução está dependente de entendimento com a APA.
Enquanto o projeto de fundo não avança, os almadenses e turistas voltam a usufruir do percurso ribeirinho, um dos mais emblemáticos do concelho, agora com melhores condições de segurança.