A Confederação Nacional da Agricultura (CNA) denunciou hoje a destruição do Banco de Sementes da União dos Comités de Trabalho Agrícola (UAWC), em Hebron, sul da Cisjordânia, por forças do exército israelita. A ofensiva ocorreu no dia 31 de julho e visou diretamente uma unidade agrícola civil, com maquinaria pesada, a devastar armazéns, equipamentos e infraestruturas essenciais para a preservação da biodiversidade agrícola palestiniana.

A operação militar foi executada sem qualquer aviso prévio, sob forte proteção das tropas israelitas, sendo considerada pela CNA como um ataque estratégico ao que classifica como a “resistência agrícola” palestiniana. O Banco de Sementes albergava sementes autóctones e ferramentas destinadas à reprodução e partilha entre pequenos agricultores da região, desempenhando um papel vital na defesa da soberania alimentar local.

Este episódio insere-se num contexto mais amplo de escalada de violência, intensificação da presença de colonos e contínuas ações de ocupação israelita, denunciadas por várias organizações não governamentais. A destruição do banco de sementes é vista como um ato de “apagamento cultural”, um golpe direto aos laços históricos entre os camponeses palestinianos e as suas terras.

A CNA sublinha que o ataque representa mais do que um dano material. Acusa o Estado de Israel de usar a fome como arma de guerra, através da destruição deliberada dos meios de subsistência das comunidades palestinianas.

A organização portuguesa expressou solidariedade com a UAWC, que, tal como a CNA, integra a rede internacional Via Campesina. No mesmo comunicado, exigiu uma reação urgente da comunidade internacional e pediu ao Governo português uma condenação inequívoca do ataque, bem como o reconhecimento imediato do Estado da Palestina.