
Mais de 100 milhões de adultos nos EUA são obesos e mais de 22 milhões sofrem de obesidade grave - o que equivale a mais de dois em cada cinco adultos, de acordo com os Centros de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC). Além disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) relata que a obesidade adulta em escala global mais que duplicou desde 1990.
A obesidade por si só pode aumentar a probabilidade de mortalidade, além de colocar os indivíduos em maior risco de outras condições, como diabetes, doenças cardíacas e alguns tipos de cancro. Mas novos estudos indicam que a forma como medimos o risco de obesidade está ultrapassada e resulta em diagnósticos equivocados.
IMC vs gordura corporal: Como as medidas diferem
A percentagem de gordura corporal é "muito mais precisa" na previsão do risco de doenças cardíacas e morte do que o índice de massa corporal (IMC), de acordo com uma nova análise de investigação publicada no jornal Annals of Family Medicine.
Investigadores envolvidos no estudo "pressionaram os médicos para deixarem de usar o IMC como medida padrão de composição corporal", segundo um comunicado de imprensa divulgado pela University of Florida Health.
O IMC mede "a relação entre a sua altura e o seu peso para estimar a quantidade de gordura corporal que possui", de acordo com a Cleveland Clinic. Uma faixa de IMC "ideal" ou saudável é de 18,5 a 24,9. Uma pessoa é considerada acima do peso se o seu IMC estiver entre 25 e 29,9, e obesa se tiver um IMC de 30 ou mais.
Um IMC mais alto geralmente indica uma quantidade maior de gordura corporal. No entanto, "o IMC por si só não diagnostica saúde" e "não é preciso em alguns casos", afirma a clínica.
Já a percentagem de gordura corporal é determinada através de um dispositivo de bioimpedância elétrica. Ele "mede a impedância elétrica dos tecidos corporais e pode ser usado para avaliar volumes de fluidos, água corporal total e massa corporal livre de gordura", conforme explicado no estudo.
O autor principal, Arch Mainous, chamou a percentagem de gordura corporal de uma "alternativa prática" para o índice de massa corporal.
"Uma das medidas de rotina que tomamos, além dos sinais vitais tradicionais, é o IMC. Usamos o IMC para, de certa forma, controlar uma pessoa com problemas de composição corporal, mas ele não é preciso para todos como os sinais vitais", disse Mainous.
Estudos mostram que altos níveis de gordura corporal podem aumentar significativamente o risco de morte
Um novo estudo apresenta fortes argumentos para usar a percentagem de gordura corporal ao invés das pontuações do IMC.
Investigadores analisaram os dados de saúde de 4.252 adultos, com idades entre os 20 e os 49 anos, da Investigação Nacional de Exame de Saúde e Nutrição. Realizaram uma análise estatística comparando o índice de massa corporal com o percentual de gordura corporal (este último através de um dispositivo de impedância bioelétrica) para verificar qual era mais preciso no cálculo dos resultados de mortalidade em 15 anos.
De acordo com os resultados, houve apenas 60% de sobreposição de precisão entre as duas medições. Indivíduos com alta gordura corporal apresentaram um risco 78% maior de morte. Além disso, apresentaram um risco 3,6 vezes maior de mortalidade por doenças cardíacas.
Ao longo dos 15 anos, o IMC alto não foi associado a um risco significativo de mortalidade por todas as causas. E também não houve uma associação considerável com morte por doença cardíaca.
Os autores observam que as balanças de impedância bioelétrica são "baratas, confiáveis, válidas e podem ser facilmente integradas a um ambiente clínico".
"O IMC está tão enraizado na forma como pensamos sobre a gordura corporal", disse Mainous. "Acho que o estudo mostra que está na altura de procurar uma alternativa que agora se mostrou muito melhor no que faz.”
Os autores concluíram: "Este estudo demonstra o valor de uma medida nova e relativamente pouco utilizada da composição corporal para prever riscos à saúde. Estes resultados sugerem repensar como devemos medir a composição corporal no ambiente clínico."