
Numa altura em que as propostas de alteração na licença de amamentação levaram a alguma discórdia e a revolta contra a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, um estudo português revelou os fatores que podem afetar a qualidade do leite materno. Em causa pode estar a dieta e até fatores económicos.
O estudo foi publicado na revista Nutrients mostrou como é que o conteúdo energético e os macronutrientes acabam por afetar o leite materno. A composição do leite pode também trazer consequências no crescimento do bebé e da sua saúde.
Nesta investigação, foram usadas bases de dados de outros 35 estudos que foram publicados em 2006. Os fatores que afetam o leite foram categorizados entre maternos, obstétricos e neonatais.
Entre os fatores maternos que podem trazer consequências estão a idade da mãe, o estatuto socioeconómico, a localização geográfica e a dieta. Mães com menor poder económico tinham um leite mais rico em gorduras monoinsaturados. Por outro lado, mães com maior estatuto tinham leite com mais gorduras poli-insaturados.
O leite materno de mães que trabalhavam no setor privado tinha um maior teor de gordura e proteína do que as mães desempregadas e do setor público. A gordura do leite pode estar ainda relacionada com a localização geográfica.
"Leite materno de mães suecas apresenta maior teor de ácido eicosapentaenoico (EPA) e ácido docosahexaenoico (DHA; n-3), mas menor teor de ácido linoleico (n-6) do que o leite materno de mães chinesas", revelam os autores do estudo.
O aumento de gordura corporal também acabou por estar relacionado com um aumento do teor de gordura do leite. “A menor ingestão de gordura materna foi associada ao aumento do teor de ácido eicosapentaenoico e ácido docosahexaenoico no leite materno. A maior ingestão de proteína materna foi associada ao aumento do teor de energia, carboidratos, gordura e proteína.”
Também os factores obstétricos acabam por trazer influência, como é o caso de parto prematuro ou de problemas na gravidez, como é o caso da diabetes gestacional. Um parto prematuro poderia ter tendência para um leite com maior teor energético e gordura, mas menos carboidratos. O tipo de parto também acaba por afetar.
“O leite de mães submetidas a cesariana apresentou alto teor de gordura, enquanto o leite de mães com parto vaginal apresentou maior teor de carboidratos.” Mães com diabetes gestacional apresentaram leite com menor teor de gordura e energia.
No que diz respeito aos fatores neonatais, o estudo mostrou que mães de meninos tinham leite com mais gordura. No caso com comprimento do bebé, um que fosse maior tinha também mais hipóteses de vir a influenciar o leite da mãe e torná-lo com mais teor de gordura.
Apesar das conclusões, pode existir limitações na amostra do estudo em relação às mães que foram tidas na investigação e à representatividade.