
Através das suas contas nas redes sociais, onde sempre se mostra muito ativo, Pedro Chagas Freitas, conhecido escritor, fez por não deixar passar em branco o caso do jovem forcado que perdeu a vida neste último fim de semana, depois de uma largada de touros no Campo Pequeno, em Lisboa.
O jovem foi colhido por um touro, tendo vindo a embater num dos portões da arena. Acabou por perder os sentidos, tendo sido levado de urgência para o hospital. No entanto, acabou mesmo por não resistir.
Certo é que, depois da notícia se ter tornado pública, o caso foi muito comentado, com inclusive alguns comentários de ódio perante a situação. O partido PAN terá também manifestado a sua opinião perante o desfecho, algo que levou a mãe do jovem a deixar uma carta à líder do partido, segundo noticiado pelo jornal 'Correio da Manhã'.
Perante tudo, o autor acabou por deixar a sua opinião: "Morreu um rapaz de vinte e dois anos. E há uma multidão de idiotas que, ancorados numa pretensa luta civilizacional, celebram a morte de um miúdo", começou por salientar.
"Abomino touradas. Mas tenho medo dos radicais. De todos. Dos que matam em nome de um ideal, dos que agridem em nome de um amor, dos que berram atrás de hashtags", continuou.
"Sou radicalmente contra os radicais. Assustam-me. O radical não vê pessoas; vê símbolos, caricaturas, bandeiras, possibilidades de combate. Vê um toureiro; não vê um filho. Vê alguém para reforçar a narrativa. Ao fazê-lo, perde o contacto com a experiência humana. Ao rirem-se da morte de um jovem, tornam-se mais bárbaros do que a barbárie que dizem combater", disse ainda.
"Os imbecis que celebram a morte acreditam ser moralmente superiores. Não percebem que moralidade desaparece no instante em que se festeja o fim de alguém. São iguais aos radicais de qualquer seita: justificam tudo em nome da causa. Hoje é a tauromaquia, amanhã é outra coisa qualquer. Desumanizar o outro torna aceitável a sua aniquilação. O perigo maior é esse: aceitar que a morte de alguém pode ser justa só porque não gostamos daquilo que ele representava".
Por fim, Pedro Chagas anotou ainda: "O Manuel Trindade, no gesto final, salvou vidas. Sete. Vai ajudar sete pessoas a respirar, a andar, a sorrir, porque ele deixou o corpo para trás. O meu filho está vivo porque outro, tão heróico quanto este, morreu e deixou o fígado dele. É horrível e maravilhoso ao mesmo tempo", referiu, ao lembrar o seu próprio drama com o filho Benjamim, que se submeteu a um transplante de fígado.