
TV 7 Dias − Como é que está atualmente?
José Castelo Branco − Tem sido tudo muito complicado. Todos os dias eu vou descobrindo coisas novas. Ontem, por exemplo, eu estava em tribunal e antes de começar a ser ouvido pela juiz, comecei a ver um caderno enorme que tinha recebido de coisas daqui do prédio e descobri que o meu nome esteve no leasing e, em 2013, o Roger [N.R.: Basile, filho de Betty Grafstein] retirou-o. Tanto que, quando venho para aqui, em janeiro, vim diretamente do aeroporto e o responsável do hotel diz-me assim: ‘Você não pode subir’. Eu disse: ‘Mas eu vivo aqui’. ‘Não interessa. O José não pode subir porque o seu nome não está no leasing’.
Já voltou à casa que partilhava com a Betty Grafstein há quanto tempo?
Eu recebi a ordem do tribunal no dia 1 de maio, mas só vim no dia 2 porque estava ainda em estado de coma, estava petrificado com tudo o que tinha acontecido e com o facto de ter tido aquela vitória.
Como é que encontrou a casa?
Vim com uns amigos e encontrei a casa toda vandalizada. Eu sabia que não ia encontrar a lareira, pois já me tinham dito, mas nunca pensei que não encontrar praticamente nada, nem a minha roupa que deixei cá, nem as minhas peles. Entretanto, apanhei as coisas todas, que eram minhas e da Betty, à venda numa leiloeira.
De que coisas é que está a falar?
Uma série de móveis. Eu tenho uma lista completa de tudo. Foi vendido no dia 10 de abril às 16h00. Foi tudo de uma vez. Havia uma fonte que eu tinha na cozinha, que era uma peça de decoração em porcelana do século XVI, foi a única que não tinha sido vendida. Passado um dia fomos ao site e já estava vendida. Quem comprou, comprou tudo uma vez, mas estamos a falar de 50 mil, 100 mil dólares. São milhares de dólares. Fora o valor que realmente tinha.
Apresentou queixa na polícia contra o Roger Basile por roubo?
Claro, já está tudo nas mãos da polícia. Mas agora interessa-me é tratar do processo da casa.
O José está a ser acusado de dever várias rendas da casa onde mora, motivo pelo qual esteve ontem, dia 23, em tribunal. O que é que, concretamente, está em causa nesta ação?
O Roger deixou de pagar as rendas em outubro, quando teve a certeza de que a mãe já não poderia voltar para cá. Ora, se ele deixa de pagar desde outubro, porque ele só entregou a chave a 1 de maio? Eu só devia pagar a partir do momento em que eu tive a autorização do tribunal para vir cá para cá, mas eu disse e volto a dizer que pago tudo, mesmo aquilo que eu não devia pagar, porque alguém vai ter que pagar, mas com uma condição: O leasing fica só em meu nome, o nome da Betty sai. Porque, neste momento, só está a Betty pois, de má-fé, o Roger, como tem uma procuração – só agora é que descobri isso –, pode fazer tudo o que quer em nome da mãe.
Tal como aconteceu com o palacete de Sintra?
A casa de Sintra é doada a ele próprio em dezembro e quem assina a escritura é a dona Marcella [N.R.: Fernandes: Ex-amiga do socialite]. Não é caricato? Mas a dívida da casa de Sintra ao banco continua em meu nome. Eu é que fiquei a dever dinheiro ao banco. A casa é do Roger, mas a dívida ao banco continua em meu nome. Além disso, todas as minhas coisas ficaram em Sintra. Isso vale uma fortuna. Onde é que estão essas coisas? Até as coisas do meu cofre.
De onde é que obtém o rendimento para poder fazer face às suas despesas?
Eu sempre ganhei dinheiro, sempre fiz o meu pé de meia. Sempre que trabalho sou bem pago. Aqui, em Nova Iorque, há pessoas que recebem para fazer presenças. Eu recebo sempre três, quatro vezes mais do que as outras pessoas.
Relativamente ao processo de divórcio. Como é que está esse caso?
Não há processo de divórcio. O juiz não aceitou. Não tem jurisdição. Nós vivemos em Nova Iorque.
E o de violência doméstica. O que sentiu ao ser formalmente acusado?
Eu fui acusado no dia 7 de maio, no dia da minha detenção e senti que era loucura total. Eu estive 30 anos a tratar de uma pessoa e no fim sou acusado de violência doméstica? Por um lado, eu estava completamente tranquilo, porque quem não deve não teme, mas fiquei completamente fora de mim pela injustiça, porque o plano do Roger estava-se todo a realizar, sendo que soube que o Roger quis-nos separar, aliás, ele próprio disse em televisão que andava há mais de 20 e tal anos à espera para nos separar, para acabar com este casamento.
Mantém a versão de que nunca teve atitudes agressivas para com Betty?
Agressiva de quê, querida? Agressiva era dar vida? É dizer, vamos sair, continuas linda, vamos maquilhar? Então e agora não continuam a maquilhá-la? Eu até fui acusado estar a maquilhá-la e a arranjar-lhe o cabelo contra a vontade dela.
Acha mesmo que nunca agiu mal com a sua mulher, mesmo com as declarações de várias pessoas, como é o caso de Luciana Lima, que afirma que nem tinha o que comer em casa?
Então como é as pessoas só viram agora e não viram antes? Então quer dizer que eram todas cúmplices de violência doméstica. Foi a Betty quem o denunciou aos profissionais de saúde da CUF Cascais, que alertaram as autoridades. Quem é que está a mentir? erá sido ela ou terão terá sido eles por iniciativa própria? Sabemos lá porque é que a Betty disse isso. A Betty estava todos os dias com a dona Marcella. Então Marcella ia visitá-la porquê? No dia em que eu cheguei a Portugal foi a primeira vez que a Marcella viu e falou com a Betty fisicamente, nem nunca tinha falado pelo telefone.
Está a querer dizer que foi a Marcella quem a influenciou. Por interesse de alguém?
Do Roger. Evidente. Ela disse que começou a falar com o Roger desde o dia em que ela foi levar a Betty à CUF no dia em que chegámos e que eu fui obrigado a ir para o Porto.
Recentemente, David Motta partilhou um vídeo onde a Betty surgia a fazer novas acusações contra si.
Eu só lamento que sujeitem a Betty a fazer aqueles disparates, a ser exposta naquelas condições e a dizer o que ela diz. Aquilo foi tudo editado, tudo montado.
Mas as palavras são ditas por ela.
Eu não estou na boca da Betty. Eu não vejo a Betty há um ano e meio. A Betty pode até dizer que eu sou o Papa. Acha que a Betty está a mentir ou não está bem psicologicamente? A Betty não está bem psicologicamente. Se estivesse bem jamais faria vídeos daqueles e diria o que está a dizer.
Então porque é que não é pedida uma perícia médica à sua esposa para juntar ao processo?
Pedro Nogueira Simões (advogado) – Pode ser uma das próximas diligências processuais. A equipa de defesa está a estudar essa possibilidade.
Pretende estar presente fisicamente na audiência ou vai pedir para o seu depoimento ser feito por videochamada?
Vou pedir para ser por videochamada porque eu tenho tribunal aqui, em Nova Iorque, no dia 17 de setembro.
De que processo?
Sobre a medida de afastamento. Eu tenho uma ordem do tribunal, pedida pelo Roger, para eu não poder me aproximar da mãe. Eu tornei-me assim tão perigoso que não me posso aproximar da minha mulher quem sou casado há 30 anos?
Caso a ordem de restrição seja levantada, acha que a Betty o quer ver?
Da última vez que eu vi a Betty eu saí, ela estava com um sorriso e disse-me assim ‘vais embora?’ Eu respondi: ‘Agora tenho que sair porque estás aqui nos cuidados intensivos e está lá fora o Pedro que vem conversar contigo’. Ela deve estar é horrorizada comigo, de não me ver. Deve ter pensado: ‘aquele monstro desapareceu. Abandonou-me’. Eu nunca abandonei, nem irei abandonar a Betty.
E se os tribunais não forem favoráveis às suas pretensões?
Vou para uma ilha deserta e torno-me um ermita.
Recentemente, surgiram notícias de que o José e Marluce Revorêdo Silva tinham avançado para a justiça contra a Betty, por difamação. É verdade?
Contra a Betty, entre aspas, que não é contra a Betty. Quem é responsável pela Betty chama-se Roger Basile. Tudo o que a Betty diz é como se fosse o Roger Basile a dizer. Falta ainda esclarecer a história das malas que trouxe consigo quando veio a Portugal e que, alegadamente, estão na posse da Marcella. Porque é que ainda não as recuperou. Isso tem que perguntar ao advogado. Não sei de nada.
Pedro Nogueira Simões – Nós pedimos levantamento do sigilo do advogado que era advogado da Marcella na altura que admite, através de correspondências formais, que a mesma tinha as malas. Temos de aguardar os termos processuais.
Como é que o seu filho Guilherme tem lidado com tudo isto?
O Guilherme tem-me dado imenso apoio porque ele sabe da verdade. Ele só diz: ‘O pai tem que se calar e falar nos tribunais. Não é na imprensa que tem que estar a lavar a roupa suja. Fale tudo nos tribunais’.
Uma vez que tem cá o seu filho e a sua neta Constança, quando é que volta a Portugal?
Mas eu agora vou a Portugal fazer o quê? Eu vejo a minha neta em videochamada e meu filho e a minha neta podem-se meter no avião e vir cá.
Mas não vai voltar? Vai abdicar de Fátima para sempre?
Mas quem é que disse que eu não vou voltar a Portugal? Claro que eu vou voltar a Portugal. Neste momento não vou a Portugal porque tenho estas coisas todas em tribunal para tratar.
Se encontrasse Roger Basile, o que é que lhe diria?
Que Deus te perdoe, que eu já te perdoei. Quem sou eu para condenar?
Texto: Carla Ventura (carla.ventura@impala.pt); Fotos: Arquivo Impala, Reprodução Instagram e Reprodução Facebook