TV 7 Dias − É uma mulher da praia, mas vir a um parque aquático, neste caso ao Aquashow, era a aventura que faltava nas férias?

Sandra Felgueiras − Eu gosto imenso destas atividades, sobretudo desde que a Sara nasceu. Para ser sincera, sozinha eu não viria para cá de certeza absoluta, mas com o meu grupo de amigos, sim. Somos muitos aqui, 15, na praia seremos à volta de uns 30, e para mim, o espírito de férias é mesmo este: estarmos todos em conjunto a divertirmo-nos com as crianças, a fazer coisas que elas gostam e que ao mesmo tempo nos divertem. Temos uma amiga no grupo, a Mariana, que é super divertida e consegue sempre criar rituais infantis para os adultos, o que torna tudo ainda mais divertido.

É aventureira?

Sempre fui. Aliás, a minha mãe, quando eu era criança, dizia sempre: ‘Não vamos para sítios de férias com muitas atividades perigosas’, porque eu queria fazer tudo o que houvesse para fazer, desde bungee jumping a rapel… A única coisa que me causou mais adrenalina – e não é ‘talvez’, foi mesmo o que mais adrenalina me causou na vida inteira – foi um salto tandem de avião. A sensação de cair em queda livre é brutal, muito intensa. Não sei qual a velocidade que se atinge, mas é mesmo muito grande, e é aquela sensação de ‘bem, vou morrer’. Mas eu gostei, sempre gostei de fazer coisas assim.

A Sara acompanha-a em tudo?

A Sara é ainda ‘pior’, nesse bom sentido. Ela é uma mistura de mim e do pai, que também é muito aventureiro. Ela faz tudo, é a primeira a ir.

Ela já tem 12 anos. É uma boa companheira?

Nós somos muito, muito companheiras. Embora ela esteja a entrar na fase mais complicada da adolescência, ela é muito carinhosa, por muito que ela queira desprender-se e estar com as amigas para mostrar que é independente, tem sempre ali um momento ou outro que volta, dá a mão e abraça. Ela liga-me imenso, sai da escola e liga sempre, não preciso de lhe pedir, ela liga, e liga por ter saudades, e eu sinto o mesmo. Muitas vezes, quando chego tardíssimo do jornal, 22h, 22h30, e digo para ela ir dormir porque acorda cedo, mas ela chega ali a quarta ou quinta-feira e não consegue dormir porque tem saudades.

As férias são para matar um bocadinho essas saudades que se vão acumulando?

Não consigo imaginar passar férias sem ela. Consigo estar uns três, quatro dias, uma semana vá, mas custa-me imenso. Sinto mesmo muitas saudades. Temos uma cumplicidade muito particular, quase pressentimos o que uma ou outra pensa e diz. Falamos ao mesmo tempo muitas vezes, rimos imenso com isso. É uma relação muito engraçada, que eu não sei se tem a ver com o facto de termos sido sempre nós as duas, com a Inês (enteada), permanentemente juntas, desde que me divorciei e a Sara tinha três anos. A Inês também tem estado cada vez mais presente connosco.

Vir de férias para o Algarve já é tradição? Tem já os chamados amigos de verão.

Não sei precisar, mas talvez há uns três ou quatro anos que nos fomos aproximando mais aqui, no Algarve, nós vamos para ali para a Praia dos Tomates. Desde essa altura, tentamos coordenar as férias para estarmos juntos estas duas a três semanas. Somos todos de Lisboa, mas somos mesmo ‘amigos de verão’, porque é aqui que estamos sempre juntos. Já não troco as férias aqui com eles por nada. Eu confesso que tenho dificuldade em descansar e desligar do trabalho quando estou sozinha. A minha cabeça não pára. Mas quando estou com eles, a minha cabeça esvazia-se. Só há tempo para as nossas conversas, uma puxa para ir fazer paddle, outra para jogar raquetes de praia.

É inevitável não pensar em trabalho?

Quando chego a casa, é inevitável ir ver os e-mails, responder aos WhatsApps dos grupos de trabalho e ler notícias, de manhã e quando volto. Eu prefiro fazer uma ronda diária aos e-mails para não acumular, e nunca ponho a resposta automática de ‘out of office’, porque não gosto de chegar e ter uma montanha de e-mails para responder. É um bocadinho mais do que ser jornalista e ver jornais, é ler histórias novas que me mandam, filtrá-las, enviá-las, mas faço isso com gosto.

Vai ficar de férias até quando?

Vou ficar de férias até 6 de agosto. Depois, tenho um trabalho e tenho de ir a Nova Iorque, no dia 11, mas só regresso ao Jornal no dia 18. O Exclusivo só regressa em setembro. Estou naquela fase boa de desligar. Eu dou muito mais valor às oportunidades que tenho de sair da redação. Eu sou muito repórter, gosto muito de fazer rua, terreno, investigação, também gosto muito de fazer o Jornal, mas acabo por ficar muito presa à redação. Quando tenho uma oportunidade de sair, para mim é uma lufada de ar fresco. Gosto destes desafios, como as reportagens que fiz com o autor da Vida Depois da Morte. Mesmo não tendo sido nada de especial em termos de dificuldade, o facto de ter saído da minha zona de conforto, de fazer uma entrevista e falar de coisas de que nunca tinha falado, gosto desses desafios. A investigação é um trabalho muito desafiante, mas o método é o mesmo, filtrar, avaliar, cruzar informação, falar com muitas pessoas para perceber se tudo bate certo ou não. Não gosto de entrar naquela espécie de rotina, eu gosto de fazer sempre coisas diferentes, e é por isso que sou apaixonada pelo jornalismo.

A Vida Depois da Morte despertou muita curiosidade. Qual o segredo para uma reportagem com muita audiência?

Costumo responder com uma palavra: mistério. O mistério é muito aditivo, vicia as pessoas a tentar perceber o que é à partida impercetível à luz daqueles conceitos que nós temos e com os quais conseguimos trabalhar. Gosto de fazer estes temas que ainda não conseguimos demonstrar empiricamente, considero-os misteriosos, desafiantes e, por isso mesmo, algo de que gosto de fazer.

Texto: Ana Lúcia Sousa (ana.lucia.sousa@worldimpalanet.com); Fotos: redes sociais