Ana Margarida Costa explora as dúvidas da vida através da pintura Exposição “The Hand Remembers” que está patente até dia 21 de Setembro, no Tribe Social Club, em plena Praça Luís de Camões no Chiado…
A vida cinzenta e turva que nos assola nos últimos anos, a incerteza do amanhã, deve levar-nos a recorrer ao que nos apazigua, ao que nos faz sonhar e ao que nos faz continuar a ter esperança. E um desses refúgios é a ARTE. Pode-se e deve-se escolher a forma de arte que mais nos agrada, no entanto, não nos devemos desprover da curiosidade de conhecer outras ARTES e/ou artistas, dar espaço à curiosidade, ao talento, à validação de um lugar que merece ser vivido, mesmo que não seja o que mais nos cativa.
E assim dou a conhecer mais uma artista, a Ana Margarida Costa, que através do desenho, da pintura, ou outras formas que lhe sejam adequadas para conseguir o que pretende, explora “temas, experiências ou narrativas” que deseja aprofundar “deixando que a forma se adapte ao conteúdo”.
Estudou Artes Visuais, formou-se em Turismo, Cultura e Património, o que “permitiu compreender melhor os contextos culturais e o seu impacto na criação artística”, frisa a artista à Revista VIP.
O que mais me chamou a atenção na Ana Margarida foi a forma como se expressa, numa abordagem delicada mas com uma energia voraz de quem não se resigna, mesmo que a vida assim o pretenda fazer, e essa voracidade está a emergir no seu trabalho. Gosto de arte que não tem de ser tenebrosa para abordar, expor, temas sombrios, e Ana Margarida Costa fá-lo sem medo.
A sua mais recente exposição “The Hand Remembers”, patente até ao dia 21 Setembro, no Tribe Social Club (Chiado), “nasce de uma entrega ao gesto e ao instinto. Cada movimento começa sem plano — a mão move-se antes do pensamento ter tempo de o acompanhar. Existe aqui um espaço onde a intuição precede a intenção e onde a memória do corpo se revela através da pintura. As camadas, as texturas e as sobreposições tornam-se fragmentos dessa memória física, quase como vestígios de uma linguagem silenciosa. The Hand Remembers é, acima de tudo, um convite a entrar nesse território onde o gesto se torna lembrança, instinto e descoberta”, explica a artista.
Das ruas do Chiado, lugar que se deu a conhecer, também o lugar onde muitos jovens artistas dão os primeiros passos de contacto com o mundo, o seu atelier é o lugar de inspiração, que mediante marcação pode ser visitado (@anamargaridacosta.studio ou anamargaridacosta.studio@gmail.com ). E enquanto a exposição no Tribe Social Club está patente, Ana Margarida Costa vai estar também na Exposição Colectiva "Corrente de Ar" – Edição Volume V – Pavilhões da Mitra, Marvila, entre os dias 4 e 7 Setembro. Uma das obras, ‘O fim’, é um título que contradiz o próprio conteúdo — porque mesmo quando tudo termina, permanecem vestígios que não desaparecem. ‘Madness’, nasceu do caos de 2020, no auge da pandemia, um período marcado pela ansiedade, frustração e por uma constante sensação de deslocamento. Sem direção, sem saída, a única fuga era a tela. E o ‘The fish’, espelha um momento suspenso de quietude, onde o peixe flutua entre a vida e o símbolo. Carrega ecos de fragilidade, movimento e silêncio, como se prendesse a respiração no tempo”, diz a pintura.

Texto: Catarina Rito; Fotos: D.R.