
Allan Ahlberg é autor de mais de 150 títulos para os mais novos, numa carreira que se estendeu por mais de cinco décadas, grande parte partilhada com a sua primeira mulher, a ilustradora Janet Ahlberg, que morreu em 1994.
"O alegre carteiro de Natal", uma das mais premiadas obras da 'dupla', revelou os autores no mercado livreiro português, em 1992, numa edição da Desabrochar, a que se seguiram os títulos "O rapaz, o lobo, a ovelha e a alface" (2005), ilustrado por Jessica Ahlberg, na Texto, e "Que ossos curiosos" (2021), com Janet Ahlberg, e "Sonhos com dinossauros" (2023), com André Amstutz, ambos na Kalandraka.
A responsável pelo departamento de literatura infantil da Penguin Random House, Francesa Dow, citada pelo comunicado da editora, lembra que "os livros brilhantes" do escritor são há muito considerados "mini-obras-primas".
"Allan foi um dos autores mais extraordinários com quem tive o privilégio e o prazer de trabalhar", afirmou Francesa Dow, acrescentando que "os [livros] de Allan estão entre os melhores - verdadeiros clássicos, que serão adorados pelas crianças e pelas famílias durante muitos anos."
"Todos sentiremos muito a sua falta", concluiu a editora.
Ahlberg nasceu em Croydon, a Sul de Londres, em 1938, e foi criado em Oldbury, nas West Midlands, Inglaterra.
Trabalhou como carteiro, canalizador e coveiro antes de se formar no Sunderland Teacher Training College, onde conheceu a sua primeira mulher, Janet.
Em 1975, os Ahlberg publicaram o seu primeiro livro, "Here are the Brick Street Boys".
Seguiram-se "The Old Joke Book", "Burglar Bill and Each Peach Pear Plum", pelo qual Janet recebeu a Medalha Kate Greenaway de ilustração, e "The Jolly Postman", vencedor do Prémio Kurt Maschler de literatura infantil. O segundo livro desta série dedicada ao "alegre carteiro", "The Jolly Christmas Postman" (1991), venceu uma segunda Medalha Kate Greenaway.
As aventuras de "Woof!", sobre um rapaz que se transforma em cão, inspiraram a série juvenil homónima, transmitida pela ITV entre 1989 e 1997, assim como o filme dirigido por David Cobham.
Em 2014, Allan Ahlberg recusou o prémio Booktrust Best Book, pelo conjunto da sua obra, por ser patrocinado pela Amazon: "Será que a Booktrust não podia ter encontrado um patrocinador mais moral?", escreveu então o autor, numa carta dirigida ao prémio e ao seu patrocinador, citada na altura pela BBC. "Os impostos, aplicados de forma justa a todos nós, são uma coisa boa. Paga as escolas, os hospitais e as bibliotecas! Quando empresas como a Amazon fazem batota - pagando 0,1% sobre milhares de milhões, fingindo que estão a ganhar dinheiro não no Reino Unido, mas no Luxemburgo - isso é mau."
Hoje, o também escritor de literatura infantil Michael Rosen, autor de "Vamos à Caça do Urso", descreveu Allan Ahlberg como "o pioneiro da grande literatura infantil", numa reação à sua morte, citada pela BBC.
"Eras inteligente, engraçado e sábio. Os meus filhos adoravam os teus livros. Tal como eu", concluiu Rosen.