Cada vez mais pessoas são diagnosticadas com doença de Alzheimer e demências relacionadas. Estas condições trazem pesados encargos emocionais, sociais e financeiros.

O declínio da memória em idosos geralmente tem várias causas, portanto, tratamentos eficazes idealmente abordam vários alvos ao mesmo tempo. Embora novos medicamentos que têm como alvo a amilóide (um grupo de proteínas ligadas à doença de Alzheimer) sejam promissores no retardamento da doença nos seus estágios iniciais, eles não tratam outros problemas comuns, como danos aos vasos sanguíneos no cérebro, que também podem contribuir para a perda de memória. Isso destaca a necessidade de tratamentos melhores e mais abrangentes.

Abordagens não medicamentosas, como melhorar fatores do estilo de vida, oferecem uma maneira segura, acessível e económica de reduzir o risco de demência, revela o site Eating Well.

Um estudo inovador na Finlândia mostrou que a combinação de certas mudanças saudáveis no estilo de vida melhorou a memória e o raciocínio em idosos com risco de demência.

Para determinar se os resultados positivos do estudo também poderiam ser aplicados a um grupo maior e mais diversificado de pessoas nos Estados Unidos que estão em risco de demência, os investigadores estudaram o impacto desse método na saúde cerebral e nas capacidades cognitivas, e os resultados foram publicados na JAMA, no dia 28 de julho.

Para este estudo, os investigadores recrutaram participantes usando registos de saúde eletrónicos e trabalhando com organizações comunitárias locais para alcançar as pessoas diretamente. O objetivo era incluir idosos (com idades entre 60 e 79 anos) que não tinham problemas de memória, mas estavam em maior risco de desenvolver demência.

Para se qualificarem, os participantes tinham de cumprir critérios específicos relativos a fatores de estilo de vida e fatores de risco. Esses fatores incluíam ter baixos níveis de atividade física - ou seja, menos de 60 minutos de exercício moderado por semana - e não seguir a dieta MIND, concebida para apoiar a saúde cerebral. Quanto aos fatores de risco, os participantes precisavam de cumprir pelo menos duas das seguintes condições:

  • Um familiar próximo (como um dos pais ou irmão) tinha problemas de memória;
  • Tinham riscos de saúde, como hipertensão, colesterol alto ou açúcar elevado no sangue;
  • Identificavam-se como parte de um grupo racial ou étnico frequentemente sub-representado em pesquisas, como nativos americanos, negros, do Médio Oriente ou hispânicos ou latinos;
  • Estavam na faixa etária mais velha (70 a 79 anos) ou eram do sexo masculino, já que os homens são frequentemente sub-representados em estudos de prevenção da demência.

Ambos os grupos focaram-se em melhorar a saúde cerebral através da atividade física, atividade cognitiva, alimentação saudável, envolvimento social e monitorização da saúde cardíaca. A diferença entre os dois grupos estava na forma como o programa era ministrado.

O primeiro grupo era o grupo estruturado, e os participantes deste grupo receberam apoio extra de profissionais qualificados e trabalharam em estreita colaboração com equipas de 10 a 15 pessoas para motivação e responsabilização. Os participantes assistiram a 38 reuniões de equipa ao longo de dois anos, e as reuniões foram conduzidas por orientadores e especialistas treinados.

O segundo grupo era o grupo autoguiado. Este grupo era mais independente, mas ainda tinha acesso a recursos e apoio de equipas de pares e orientadores da Associação de Alzheimer. Os participantes receberam recursos disponíveis publicamente sobre mudanças para um estilo de vida saudável, tais como dicas sobre exercício físico, dieta e saúde cerebral. Participaram apenas em seis reuniões da equipa de pares ao longo de dois anos e fizeram exames de saúde uma vez por ano durante consultas clínicas, seguindo as diretrizes de saúde padrão.

Ambos os grupos do estudo realizado nos EUA apresentaram melhorias na função cerebral geral ao longo do tempo, conforme medido pelas suas pontuações cognitivas globais. Após o ajuste de determinados fatores, o grupo estruturado melhorou ligeiramente mais rápido do que o grupo autoguiado, e essa diferença foi estatisticamente significativa.

O programa estruturado pareceu ter maior impacto nos participantes que iniciaram o estudo com menor função cognitiva.

Este estudo destaca o poder das mudanças no estilo de vida quando se trata de apoiar a saúde cerebral e reduzir o risco de declínio da memória. Ele mostra que combinar exercícios regulares, uma dieta saudável para o cérebro, estimulação mental e envolvimento social pode fazer uma diferença real, especialmente para pessoas com maior risco de demência.