
Os últimos anos não têm sido fáceis para a Kodak, a marca de fotografia analógica que revolucionou o mercado mundial no século XX. Agora, o seu atual CEO, Jim Continenza, disse em entrevista, que tem sérias dúvidas que a empresa consiga cumprir as suas obrigações financeiras nos próximos 12 meses pelo facto de não ter fundos suficientes. Isto indicia que a empresa poderá vir a fechar portas brevemente.
A empresa está a lidar com dificuldades de adaptação ao mundo da fotografia digital e tinha já avançado com um processo de falência em 2012. O processo de recuperação em curso não parece estar a dar frutos, tendo a companhia acumulado dívidas de curto prazo de de 500 milhões de dólares (cerca de 427 milhões de euros) e mais de 200 milhões de dólares (170 milhões de euros) de custos em atraso com planos de pensões. O ano passado a empresa teria anunciado que iria acabar com estes planos de pensões para reduzir dívida.
Há umas semanas, em entrevista à Forbes Internacional, Jim Continenza disse que a empresa era agora especializada no segmento de B2B, na área de químicos, embalagens e impressão para a indústria.
A Eastman Kodak, cotada na Bolsa de Nova York, tem atualmente uma capitalização bolsista de 460 milhões de dólares (cerca de 393 milhões de euros), sendo que o valor das suas ações caíram 17% nos últimos cinco dias, para os 5,66 dólares cada. Só na terça-feira passada, após as declarações do CEO, o valor da empresa caiu cerca de 25%.
Uma história mais do que centenária
Fundada em 1881, pelo visionário George Eastman, amante de fotografia, a marca norte-americana lançou em 1888 a primeira máquina fotográfica com rolo, com o objetivo de tornar a fotografia acessível a toda a gente. Durante mais um século a Kodak continuou a inovar e a controlar a quota mundial da fotografia – durante décadas teve mais de 80% do mercado -, até que o digital começou a dar os primeiros passos, na década de 90. A marca que consegui um fenómeno do marketing, que é identificar a marca com o processo – ou seja, comprar uma máquina fotográfica, era comprar uma Kodak – começou a enfrentar concorrência de peso. Apesar de tentar reagir ao mercado do digital não conseguiu manter a liderança neste setor, pois reagiu demasiado tarde. Ao que parece rejeitou a ameaça do digital durante bastante tempo, e o seu modelo e negócio ficou demasiado tempo assente nas máquinas fotográficas analógicas, com rolo fotográfico.
A Eastman Kodak, cotada na Bolsa de Nova York, tem atualmente uma capitalização bolsista de 460 milhões de dólares (cerca de 393 milhões de euros), sendo que o valor das suas ações caíram 17% nos últimos cinco dias.
Tentou diversas abordagens e estratégias, como a de comprar de empresas na área química, a entrada nas máquinas digitais e investiu no mercado das impressoras -, até que em 2012 apresenta um processo de falência e requer proteção ao seu negócio. A companhia acabou por vender áreas de negócio e algumas patentes e fechou a unidade produtiva de máquinas fotográficas analógicas, redimensionado o seu negócio. O objetivo foi criar uma nova empresa, mais pequena e focada na área da impressão.
Há umas semanas, em entrevista à Forbes Internacional, Jim Continenza disse que a empresa era agora especializada no segmento de B2B, na área de químicos, embalagens e impressão para a indústria. Em maio deste ano a marca anunciou o investimento de 20 milhões de dólares (cerca de 17 milhões de euros) numa nova fábrica de químicos para a indústria farmacêutica, em Rochester, no estado de Nova York, local onde está sediada. Referiu ainda que esta era uma transição difícil, mas que tinha de ser feita.
Agora, o que parecia ser um completo turnaround do negócio, poderá ter os dias contados. A icónica marca de máquinas fotográficas poderá não voltar a ver a luz ao fundo do túnel.