
O Presidente dos Emirados Árabes Unidos (EAU), Sua Alteza Xeque Mohamed bin Zayed Al Nahyan, iniciou neste Domingo uma visita oficial a Angola, onde será recebido pelo seu homólogo, João Manuel Lourenço.
A agenda está centrada no reforço das relações políticas e económicas entre os dois países, com especial enfoque em setores como energia, infraestruturas, agricultura e finanças.
A visita enquadra-se na estratégia mais ampla dos Emirados Árabes Unidos de fortalecer a sua presença em África, transformando-se num parceiro alternativo às potências tradicionais na região. Nos últimos anos, os EAU têm intensificado a diplomacia económica no continente, com investimentos significativos em portos, energia renovável, telecomunicações e sistemas financeiros.
Para Angola, este movimento representa uma oportunidade de diversificar parcerias e reduzir a dependência de actores históricos como a China, que mantém forte presença em sectores de construção e financiamento, e a Turquia, que tem expandido influência sobretudo em áreas comerciais e de obras públicas.
O interesse dos EAU por Angola não é novo, mas ganha agora maior expressão num contexto em que o país procura consolidar reformas económicas e atrair investimento estrangeiro directo. A aposta em sectores estratégicos, como o petróleo e gás, energias renováveis, logística, agricultura e banca, alinha-se com a agenda de diversificação da economia angolana.
Abu Dhabi, por sua vez, vê Angola como um parceiro relevante na África Austral, com potencial de integração regional e capacidade de servir como plataforma para expansão de negócios no continente.
O fator geopolítico
Além da vertente económica, a visita tem uma leitura geopolítica clara. Os EAU procuram afirmar-se como mediadores e investidores de confiança em África, num momento em que o continente se torna palco de uma crescente competição global. Com a China consolidada, a Rússia a tentar recuperar espaço e a Turquia em franca expansão, os Emirados oferecem uma alternativa baseada em capital disponível, agilidade diplomática e experiência em diversificação económica.
Para Angola, a visita do Xeque Mohamed bin Zayed é mais do que simbólica. Sinaliza a entrada numa nova fase de cooperação que poderá traduzir-se em investimentos bilionários, reforço da infra-estrutura e integração em cadeias globais de valor. Ao mesmo tempo, abre caminho para que o país se afirme como parceiro estratégico no corredor de interesses árabes em África.