
O International Airlines Group (IAG), agrupamento que inclui a British Airways e Iberia, congratulou-se esta sexta-feira com o lançamento da privatização da TAP, afirmando que acredita que a companhia portuguesa poderá ter sucesso no grupo, se os termos do negócio “forem adequados”.
“Se os termos forem adequados, acreditamos que a TAP poderá ter sucesso enquanto parte do modelo distintivo e comprovado do IAG”, apontou um porta-voz do grupo, em comunicado sobre os resultados do primeiro semestre.
O IAG, que inclui a British Airways, a Iberia, a Vueling, a Aer Lingus e a Level, reportou esta sexta-feira um lucro de 1,3 mil milhões de euros até junho, um crescimento de 43,8% face aos 905 milhões de euros do ano anterior.
Em maré de apresentação de resultados do primeiro semestre, os grandes grupos de aviação europeia vão-se posicionando em relação à privatização da TAP. A Air France/KLM afirmou na quinta-feira que mantém o interesse na privatização da TAP, mas ainda a está "a estudar do ponto de vista financeiro", avisando que só avançará para a compra se estiverem reunidas condições para aumentar a margem. Já a alemã Lufthansa, garantindo que se mantém em jogo, adiantou que não tem pressa, uma vez que ainda está a digerir a compra da italiana ITA.
O grupo IAG considerou que a sua solidez financeira permite-lhe modernizar a frota, investir em aeronaves de nova geração e produtos essenciais, e liderar o setor na adoção do Combustível Sustentável para Aviação (SAF).
Sublinhando o que diz serem as virtudes da integração no IAG, o grupo dá como exemplo os resultados positivos para a companhia irlandesa Aer Lingus, privatizada há 15 anos. “O sucesso da Aer Lingus desde a sua integração na IAG em 2015 é um exemplo claro do que pode ser alcançado”, referiu o grupo, realçando que a companhia irlandesa “reforçou a sua marca e mais do que duplicou a sua capacidade de longo curso no ‘hub’ de Dublin”, contando agora com 20 destinos na América do Norte, comparando com apenas quatro antes da integração no grupo.
Receita cresce 8% para 15,9 mil milhões
A receita da IAG, cuja sede é em Madrid, aumentou 8%, para 15,9 mil milhões de euros, e o lucro operacional antes de itens excecionais atingiu 1,878 mil milhões de euros, um aumento de 43,5%.
A procura está a puxar pelas receitas. O presidente do IAG, Luis Gallego, apontou, em comunicado, que o “desempenho sólido na primeira metade de 2025 reflete a resiliência da procura por viagens” e o sucesso da política de transformação do grupo, que contribuiu para aumentar a sua margem operacional em 2,9 pontos percentuais, para 11,8%.
O grupo aéreo registou este semestre uma despesa de 50 milhões de euros que teve de pagar à Globalia pelo fim das negociações para a compra da espanhola Air Europa — conforme estabelecido no acordo entre ambas as partes em fevereiro de 2022 — transação da qual o grupo hispano-britânico desistiu em agosto do ano passado, devido às severas restrições impostas por Bruxelas.
O grupo Air France/KLM, que estava a negociar agora a compra da Air Europa, suspendeu as negociações, alegando que estava interessado no controlo da companhia, o que não estava a conseguir.
O IAG transportou 57,8 milhões de passageiros nos primeiros seis meses do ano, menos 0,7% do que no ano anterior, embora a receita de passageiros tenha aumentado de 13,043 mil milhões de euros entre janeiro e junho de 2024 para 13,771 mil milhões de euros este ano.
Classe económica em queda nos EUA
A procura nos seus principais mercados, América do Norte, América Latina e Europa, é robusta, afirmou o grupo, que notou “alguma fraqueza” nas vendas de bilhetes da classe económica com origem nos Estados Unidos, embora este efeito seja compensado pelo forte desempenho das classes ‘premium’.
A Iberia registou um lucro antes de itens excecionais de 564 milhões de euros, um aumento de 200% face ao ano anterior, com uma receita total de 3,887 mil milhões de euros, um aumento de 11,4%, dos quais 2,855 mil milhões de euros foram receitas de passageiros (aumento de 4,9%).
Já a British Airways obteve um lucro de 824 milhões de euros (antes de itens excecionais), um aumento de 270%.
No final do semestre, a IAG tinha uma dívida líquida de 5,459 mil milhões de euros, menos 2,06 mil milhões de euros do que no ano anterior, e tinha pouco mais de 12 mil milhões de euros de liquidez (menos 1,34 mil milhões de euros do que em junho de 2024).
As perspetivas para o ano completo apontam para um bom crescimento dos lucros, progressão das margens e forte retorno para os acionistas este ano, apesar do cenário de incerteza geopolítica e macroeconómica, refere o comunicado da empresa.