O número de chamadas para o INEM que não chegaram a ser atendidas aumentou quase dez vezes entre 2021 e 2024, passando de 15.971 para 133.832. Também o tempo médio de espera disparou, chegando a ultrapassar um minuto no ano passado. Os dados constam do relatório de uma auditoria realizada pela Inspeção-Geral de Finanças (IGF), noticiado esta segunda-feira pelo jornal Público e que revela uma deterioração progressiva” do sistema de emergência médica ao longo dos últimos anos, “em consequência da falta de recursos humanos”.

Em 2024, o INEM contava com 31.373 operadores a fazer o atendimento, menos 6569 do que em 2021, o que corresponde a uma quebra de 17%. Apesar da diminuição, o número de chamadas atendidas até aumentou neste período (8,6%), ainda que o crescimento das que ficaram por atender tenha sido muito superior (738%). Na mesma altura, o tempo de espera para conseguir o atendimento passou de 12 para 64 segundos.

Para compensar a falta de recursos humanos, o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) tem recorrido às horas extraordinárias: de acordo com a IGF, “cada trabalhador prestou entre 77 e 84 dias de trabalho a mais”. A auditoria foi realizada a pedido da ministra da Saúde e aponta irregularidades no pagamento do trabalho suplementar, que poderão levar à responsabilização financeira dos dirigentes do instituto.

Segundo o documento, no ano passado o INEM pagou, em média, a cada trabalhador 6600 euros em horas extra, mais 1700 euros do que o registado em 2021. No total, o pagamento do trabalho suplementar custou ao Instituto 28,4 milhões de euros.

Na auditoria, a Inspeção-Geral das Finanças identificou casos em que o valor pago “ultrapassa os limites legalmente vigentes”.