A desinformação alimentada por Inteligência Artificial (IA) aumentou em Portugal, recorrendo a figuras como Cristino Ronaldo ou o primeiro-ministro, Luís Montenegro, para incentivar o investimento em plataformas fraudulentas, concluiu um relatório desenvolvido pelo IBERIFIER.

O relatório trimestral do IBERIFIER (Observatório Ibérico de Média Digitais de Portugal e Espanha) revela que entre março e maio de 2025, em Portugal, verificou-se um aumento da desinformação alimentada por IA, visando tanto figuras nacionais como internacionais.

A tecnologia é utilizada para esquemas financeiros fraudulentos atribuídos erroneamente a figuras como Cristiano Ronaldo e Luís Montenegro, com o objetivo de incentivar o investimento em plataformas fraudulentas.

"Estas publicações utilizam frequentemente vídeos 'deepfake' ou capturas de ecrã editadas por IA para parecerem legítimas", refere o documento, acrescentando que a IA é também usada para manipular narrativas relacionadas com incêndios em grande escala.

Teorias da conspiração ganham terreno

Além disso, durante o período de estudo, a crise política que levou à queda do anterior Governo, as políticas migratórias, a morte do Papa Francisco ou a eleição do Papa Leão XIV, foram alguns dos temas que também dominaram a desinformação.

Aquando da queda do anterior executivo, "houve um aumento significativo das campanhas de desinformação, especialmente durante a campanha eleitoral e nos debates televisivos entre candidatos", refere.

Neste caso específico, o observatório destaca a existência de teorias da conspiração sobre os próprios candidatos, bem como campanhas de desinformação sobre saúde, habitação, salários, defesa, União Europeia (UE), reformas, pensões e imigração.

"Muitas dessas narrativas de desinformação focaram-se principalmente nos imigrantes, com temas recorrentes como a violência e a ideia de que os portugueses estavam a ser substituídos no seu próprio país", referem os investigadores.

Também "o apagão que afetou Portugal, Espanha e vários outros países europeus tornou-se um dos principais focos de desinformação na região", nos últimos três meses.

"A desinformação em torno deste tema destacou-se pelas repetidas tentativas de justificar o evento através de alegações não verificadas e rumores infundados, contribuindo assim para um clima de confusão e crescente desconfiança pública", lê-se no documento.

O relatório apresentado pelo IBERIFIER é divulgado trimestralmente e reúne as principais verificações realizadas pelas 25 entidades que compõem o consórcio na Península Ibérica.