O que se viu de novo

O Benfica que foi tetracampeão entre 2013 e 2017 cunhou um aproveitamento vincado do 4x4x2. A presença de dois pontas de lança complementares alimentou a fome de golos dos adeptos. Roger Schmidt recuperou a essência desses tempos ao colocar Marcos Leonardo e Vangelis Pavlidis no ataque. O golo inaugural dos encarnados é uma sinédoque daquilo que se espera que possa vir a acontecer.

Ao mesmo tempo, com a revolução que o técnico alemão promoveu na segunda parte, notou-se uma tentativa de compatibilizar Arthur Cabral e Casper Tengstedt, algo que parecia impensável no decurso da época transata. As adaptações feitas no ataque denotam que Schmidt não pensa em encontrar um substituto para Rafa, isto é, um jogador que possa jogar nas costas do ponta de lança e que faça o sistema tático derivar mais para o 4x2x3x1. Eventualmente, alguém a testar nessa posição, que não David Neres (esse já por lá nadou), poderia ser Gianluca Prestianni, mas o argentino entrou para atuar no flanco.

No centro da defesa, as ausências de António Silva e Otamendi vão permitindo alguns testes. Assim, é de salientar a presença de nomes menos habituais no plantel encarnado com destaque para Gustavo Marques e Adrian Bajrami.

No Estádio Joseph-Moynat, em França, o Benfica acabou por conseguir derrotar o Almería por 3-1 mesmo tendo começado a perder com um golo de Nico Melamed. Ainda na primeira parte, Pavlidis empatou. A reviravolta chegou na segunda parte com o chapéu de Arthur Cabral por cima de Luís Maximiano, guarda-redes português que atua no emblema do segundo escalão do futebol espanhol. João Mário, de fora da área, fez o terceiro.

Os reforços

De facto, é a versatilidade de Vangelis Pavlidis, alto para os duelos com os centrais e esguio para se movimentar, que dinamita o ataque. Leandro Barreiro compôs um meio-campo de dois portões com Florentino. Apesar da liberdade do luxemburguês para chegar à área contrária, a dupla não parece ser a melhor combinação para obter alguma qualidade no último passe.

Jan-Niklas Beste era a maior curiosidade a satisfazer neste encontro. Em estreia com a camisola das águias, não perdeu tempo em fazer-se dono das bolas paradas, mas foi com a verticalidade que acrescentou ao corredor esquerdo que justificou o porquê de ter sido a surpresa do mercado do Benfica. Acabou por assistir, com um passe atrasado, João Mário para o terceiro golo.

Como começou

Trubin, Tiago Gouveia, Tomás Araújo, Morato, Álvaro Carreras, Florentino, Leandro Barreiro, David Neres, Aursnes, Marcos Leonardo e Pavlidis

Como acabou

Samuel Soares, Diogo Spencer, Gustavo Marques, Adrian Bajrami, Jan-Niklas Beste, Martim Neto, João Mário, João Rego, Gianluca Prestianni , Arthur Cabral e Casper Tengstedt

Os melhores

O domínio do Benfica na primeira parte promoveu a criação de um cacho de jogadores em frente da área do Almería. Mais dotado do que os médios que alinharam de início, foi a David Neres e à sua liberdade posicional que os encarnados entregaram o pincel para o brasileiro desenhar lances ofensivos.

Não podendo dar continuidade à boa exibição na segunda parte fruto da rotação que Roger Schmidt levou a cabo na equipa, David Neres cedeu o protagonismo a Diogo Spencer. O jovem lateral-direito acelerou no corredor uma vez que, devido ao facto do Almería ter equilibrado o jogo territorialmente, teve mais espaço para o fazer do que Tiago Gouveia nos primeiros 45 minutos.

A banda sonora

Certamente o Benfica não teria exercido a opção de compra de Álvaro Carreras se não contasse com o lateral espanhol. A verdade é que não perdeu tempo em encontrar um concorrente. Com Jan-Niklas Beste, Roger Schmidt passa a dispor de duas opções para o corredor esquerdo com características diferentes, Álvaro é fã das associações e do jogo interior. Jan-Niklas é mais flanqueador. Contra o Almería, no início de uma disputa que continuará ao longo da época, o alemão foi simply the Beste.