
Lando Norris resistiu ao ataque tardio de Oscar Piastri para vencer o Grande Prémio da Hungria, apostando numa estratégia de uma paragem contra duas do seu companheiro equipa da McLaren (e da maioria dos pilotos), que conseguiu que tivesse êxito apesar do ritmo superior do australiano nas últimas dez voltas por ter os pneus do seu carro menos desgastados.
O britânico, que se viu na contingência de alterar a estratégia após ter perdido tempo (e posições, caindo da terceira para a quinta) na primeira volta, defendeu-se das tentativas de ultrapassagem de Piastri no final da corrida, todas na curva 1, uma delas (na penúltima volta) a causar bloqueio de rodas pelo australiano para evitar a colisão.
A nona vitória de Norris permite-lhe reduzir para o mesmo número de pontos a desvantagem para Piastri no topo da classificação do Mundial, à entrada para as férias de verão do campeonato. «Estou morto! Foi uma corrida difícil, não planeávamos fazer apenas uma paragem, mas depois da primeira volta era a nossa única hipótese de retomar o ritmo», declarou o britânico após a prova em Hungaroring.
«Eu estava a rodar a fundo, o resultado foi perfeito. Não pensei que a estratégia pudesse dar-nos a vitória, pensei que conseguiria ser segundo classificado, porque o ritmo estava bom», explicou o britânico, que desvaloriza o ímpeto que esta vitória, a terceira nas últimas quatro corridas, para a segunda metade da temporada. «Esta batalha está a ser tão disputada que é difícil dizer se esta vitória me dará ímpeto. Mas é divertido correr contra o Oscar. Ele fez uma boa tentativa de ultrapassagem, mas consegui defender-me».
Oscar Piastri estava mais rápido do que Norris nas derradeiras voltas, mas faltou-lhe corrida para superar o seu companheiro de equipa. «Forcei o mais que pude, mas é mais fácil falar do que fazer. Hoje, estive apenas do lado errado. Lando [Norris] não tinha muito a perder, por isso não foi uma grande surpresa [a estratégia de uma paragem]», declarou o líder do Mundial.
O piloto australiano explicou ainda que fez duas paragens na tentativa de superar o pole position Charles Leclerc, que preservou a liderança durante a fase inicial da corrida, mas acabou perder competitividade ao longo da prova. O monegasco da Ferrari fez críticas ferozes à equipa pelo rádio, sobre «decisões» não evidentes, que o fizeram perder rendimento e acabar por perder o pódio após uma luta fraticida com George Russell, em que os carros quase se tocaram, deixando o britânico da Mercedes furioso. No final da corrida, Leclerc declarou ter esclarecido com a equipa o motivo do decréscimo de desempenho do seu carro.
Na quinta posição ficou Fernando Alonso, no melhor fim de semana da Aston Martin na temporada, com Lance Stroll na sétima posição, atrás de um não menos espantoso Gabriel Bortoletto, no Sauber. O jovem rookie brasileiro conquistou o seu melhor resultado na F1, a sexta posição, dois segundos à frente do canadiano.
Max Verstappen fez uma corrida longe das posições cimeiras, sem ritmo para ir além de um modesto nono lugar, atrás do Racing Bull de Liam Lawson, o seu companheiro de equipa na Red Bull no início da temporada. Após a corrida, o tetracampeão referiu-se, com humor, a uma ocorrência quando ultrapassou Lewis Hamilton, que teve de sair de pista e motivou uma investigação pelos comissários após a prova. « Na verdade, estou bastante desapontado por ter ido aos comissários depois da corrida. Só para analisar uma situação durante a corrida. Simplesmente coloquei o meu nariz perto dele [Hamilton], ele assustou-se e saiu da pista», disse Verstappen.
O britânico da Ferrari não comentou o incidente, mas não se esquivou a explicar a sua declaração polémica no sábado após a qualificação sobre o desempenho pessoal na equipa, sugerindo que a Scuderia pudesse substitui-lo. «Disse exatamente o que queria dizer. Quando se tem um pressentimento, tem-se um pressentimento. Há muita coisa a acontecer nos bastidores que não é boa, por isso...»
Andrea Kimi Antonelli conquistou o último ponto para a Mercedes após uma investida tardia de Isack Hadjar, que teve de guiar com dores numa mão causadas pela projeção de gravilha de um carro à sua frente no início da corrida.
A Fórmula 1 entra na paragem de verão e regressa para o Grande Prémio dos Países Baixos, em Zandvoort, entre os dias 29 a 31 de agosto.