
O Masters 1000 de Cincinnati, um dos mais importantes torneios das semanas em que a elite da bola amarela ruma à América do Norte, tem sido mais um salve-se quem puder do que uma competição de ténis. Os abandonos vão-se sucedendo, os jogadores que recebem assistência médica em court também, tudo num panorama de toalhas húmidas em redor da cabeça e todo a espécie de artimanhas para lidar com a canícula.
Arthur Rinderknech deitou-se no piso devido às altas temperaturas, acabando por retirar-se do seu compromisso contra Félix Auger-Aliassime nos oitavos de final. Na ronda anterior, Jakub Mensik também desistiu perante Luca Nardi, situação semelhante às de Alejandro Davidovich Fokina contra João Fonseca ou Luciano Darderi diante de Francisco Comesana. O mesmo Comesana que, ao enfrentar Reilly Opelka, pediu auxílio médico antes de um jogo de serviço.
As causas das desistências podem ser explicitamente o calor, como sucedeu a Rinderknech, ou a necessidade de "poupar energia", como indicou Fokina. Há ainda situações como a de Cameron Norrie, que seguiu até final perante Roberto Bautista Agut, mas atuou em evidente desconforto, empapado em suor. Ou a de Francis Tiafoe, que não escondeu os problemas com o calor, passando toalhas molhadas pela face constantemente, saindo de cena a meio do duelo perante Holger Rune indicando uma lesão nas costas.
Em Cincinnati, no estado do Ohio, as temperaturas têm chegado perto dos 35 °C, sendo esta mais uma competição desportiva no verão norte-americano marcada pelo calor, tal como já sucedera com o Mundial de Clubes. Ainda assim, a estas cifras é preciso acrescentar o facto deste Masters 1000 ser disputado em piso rápido, considerada a mais quente das superfícies da modalidade. Vários estudos indicam que a temperatura no court pode subir cerca de 10 °C face ao que indicam os boletins meteorológicos para cada cidade.
O circuito ATP não tem nenhum protocolo uniformizado para lidar com o calor. Já o WTA estipula que, se se registarem certos valores de temperatura e humidade, há uma pausa de 10 minutos entre o segundo e terceiro sets.
O Open da Austrália, que se disputa no tórrido verão de Melbourne, tem procedimentos para as altas temperaturas em prática desde 2019 e diversas vozes têm pedido que tal se alargue a todo o ténis profissional. É o caso de Brad Gilbert, vencedor em Cincinnati em 1989, antigo número quatro do mundo e treinador de Andre Agassi ou Andy Roddick.
Também Ivan Ljubičić, ex-número três mundial e treinador de Roger Federer, escreveu nas redes sociais com críticas. "Ninguém ganha quando os jogadores desmaiam por condições extremas. Que outra modalidade faz isto? Pede-se aos jogadores que vão competir, diariamente, nestas condições. Não tem nada a ver com estar em forma", notou.
Habitualmente crítico da questão das temperaturas, Daniil Medvedev colocou a cabeça dentro de um congelador durante o encontro contra Adam Walton. Em 2023, abordando este tópico durante o US Open, o russo foi contundente: "Um dia, um jogador irá morrer."