
Mais do mesmo nem sempre é mau. Se o Giro é a melhor das três grandes voltas e o Tour a mais mediática, a La Vuelta é a mais relaxada e a edição deste ano promete ser fiel à sua identidade. E, depois de uma época de altos e baixos, a familiaridade de uma Vuelta que sempre entretém é muito bem-vinda.
Partindo de Itália, a Vuelta deste ano apresenta um percurso semelhante ao que já nos tem habituado, com muitas etapas de rompe pernas e muitas chegadas em alto, dando preferência às típicas unipuerto, o que permitirá que sejam os trepadores e as fugas a ter o maior protagonismo. Os velocistas terão que se adaptar, mas também terão as suas oportunidades. E, se todas as etapas têm pontos de interesse, há duas que são imperdíveis: as etapas 13 e 20, respetivamente, as chegadas nas dantescas subidas de L’Angliru e Bola del Mundo.
O claro favorito à conquista da La Vuelta é Jonas Vingegaard. O dinamarquês da Visma – Lease a Bike, duas vezes vencedor do Tour de France e segundo na edição deste ano da Grand Boucle, procura a sua terceira vitória em Grandes Voltas numa prova na qual já foi segundo em 2023, batido apenas por um colega de equipa, Sepp Kuss. Como um dos grandes voltistas desta geração, e muitas vezes parecendo que apenas Pogacar o consegue superar, e com uma equipa forte em seu redor, parte como o alvo a abater.

Para não fugir ao hábito, as outras grandes figuras apontadas à Geral vêm da poderosa UAE Team Emirates, Juan Ayuso e João Almeida. O duo ibérico tem realizado uma temporada de grande qualidade, à exceção das provas de três semanas, com Ayuso a ver-se forçado a desistir no Giro e Almeida a sofrer o mesmo desfecho no Tour. Na Vuelta, tentarão usar a vantagem numérica para derrotar o favorito dinamarquês.
Se a vitória final na La Vuelta escapar a este trio será uma surpresa, mas há outros nomes que não devem ser descartados e que certamente estarão também entre os melhores nos dias de maior dureza, com destaque para Antonio Tiberi, Egan Bernal, Giulio Ciccone, Giulio Pellizzari e Mikel Landa.
No campo dos velocistas, há dois grandes nomes presentes à partida, Mads Pedersen e Jasper Philipsen. O dinamarquês procura dar continuidade a uma época de luxo e fazer o triplete de camisolas por pontos para a Lidl – Trek (o próprio Pedersen ganhou no Giro e Jonathan Milan no Tour), enquanto Philipsen procura compensar um Tour em que um abandono madrugador por queda o fez somar apenas um triunfo.
Para as equipas espanholas é que não se augura muito sucesso nesta La Vuelta. Com Enric Mas de fora por lesão e Euskaltel e Kern Pharma a não serem convidadas, restará pouco mais do que procurar um difícil sucesso nas fugas. E, nesse contexto, é a Movistar que, sem surpresas, dispõem das melhores armas, com Pablo Castrillo e Javier Romo.