
Foram 21 longos anos de tentativas a superar para tentar ultrapassar os 8.19,82 minutos que, a 27 de julho de 2004, em Estocolmo, Manuel Silva havia colocado como recorde nacional dos 3000 metros obstáculos. Muitos tentaram-no. Todos falharam... Até ontem, no Meeting de Oordegen, na Bélgica.
Todos menos Etson Barros que numa entusiasmante prova, decidida ao sprint e em que os três primeiros alcançaram máximos pessoais, estabeleceu novo recorde de Portugal ao completar o percurso em terceiro lugar com 8.12,19m. O atleta do Benfica, de 24 anos, baixou o anterior recorde em cerca de 7 segundos e o melhor registo pessoal em mais de 10 segundos, e teve mesmo dupla razão para celebrar já que, ao mesmo tempo, carimbou a classificação directa para os Mundiais de Tóquio, entre 13 e 21 de setembro.
A prova foi ganha pelo francês Louis Gilavert (8.11,49 minutos) seguido do compatriota Baptist Fourmont (8.12,10). Na série seguinte competiu o também português Leandro Monteiro, tendo terminado em 7.º com 8.39,27s, mas em 28.º da geral.
Ainda neste meeting na Flandres, onde foi largo o contingente de portugueses, Alexandre Figueiredo superou o máximo pessoal de 5000m ao ser segundo classificado na 3.ª série com 13.32,62m, e Diogo Barrigana foi 9.º classificado aos 400m barreiras com 49,77s, distância em que Manuel Sissé terminou em 19.º (51,77), mas com a melhor marca pessoal e mais rápido do que Matim Faustino (21.º), com 51.75.
Pedro Afonso correu para a prata
Já em Tampere, onde se viveu o terceiro dia dos Europeus sub-20, Portugal celebrou a primeira subida ao pódio através da prata de Pedro Afonso nos 200m com o tempo de 20,85. Apenas insuficiente para ultrapassar o italiano Diogo Nappi (20,77), mas demasiado rápido pata o espanhol Oriol Sanchez (21,03).
«Não estou contente com o resultado, gostava muito de ter ganho. Mas estou muito feliz pela minha forma e como cheguei aqui. Só comecei a temporada depois da época de inverno, pois lesionei-me no Europeu do ano passado e é muito bom regressar e estar a sentir-me outra vez rápido, a bater os meus recordes pessoais. Mas fiquei a um lugar do que queria», afirmou Pedro Afonso à comunicação da federação de atletismo.
«Corri a meia-final muito mais relaxado do que me senti na final. Parabéns ao Nappi, que alcançou o ouro. Sou forte mentalmente, por isso consegui atravessar positivamente o período em que estive parado por lesão, cerca de seis meses. Sei que sou um dos melhores portugueses e agora também um dos melhores da Europa, mas não penso nisso. Sou um profissional do atletismo e a minha procura é em melhorar-me a cada dia que passa. Os meus resultados serão consequência desse trabalho», disse ainda o jovem velocista do Benfica, que conseguiu a primeira subida ao pódio de sempre da Seleção no evento em provas de velocidade (100, 200 e 400m).
Pedro Afonso ainda integrou a estafeta dos 4x100m, correndo o segundo percurso, juntamente com Ernesto Rodrigues, Miguel Villamudria e Bernardo Ferreira, mas os 40,72s registados não permitiram a qualificação directa e colocaram o quarteto como o primeiro dora da final.
Já Stela Fernandes marcou presença na final dos 3000m obstáculos, onde foi 8.ª com 10.24,27m. Novo máximo pessoal, o segundo que alcança na Finlândia, mas recorde luso sub-20, superando os 10.26,45 que havia sido registados por Bárbara Neiva em 2019.
Nos 3000m masculinos, Tiago Jorge, que havia sido um dos mais rápidos nas eliminatórias, foi 12.º com 8.49,57, sem sprint final para se bater com os da frente na reta da meta.
Irina Rodrigues com disco top da temporada
Em Leiria, onde decorreu o Torneio Internacional de Lançamentos, Irina Rodrigues ganhou o lançamento do disco com a melhor marca pessoal da temporada, primeira vez acima dos 60m, ao registar 61,89, relegando para os restantes degraus do pódio a francesa Melina Robert-Michon (60,23) e a dinamarquesa Lisa Pedersen (58,95).
Ainda no disco, mas no sector masculino, o recordista nacional Emanuel Sousa conseguiu lançar a 60,91m, deixando para trás Edujose Lima (56,39) e o britânico Zane Duquemin (56,19).