Já nos aconteceu a todos, certamente. Nem fomos mal servidos, mas saímos com a sensação de barriga vazia. Comeu-se, mas sem grande vontade, uma vez que faltaram os temperos à refeição.

É com essa sensação que se sai deste dérbi à moda do Minho, terra que serve sempre bem quem por lá come, mas que deixou com fome de futebol quem assistiu a este Famalicão-Gil Vicente.

E lá está: o jogo não foi um daqueles que provoca azia por se arrastar penosamente desde o primeiro ao último minuto. Teve algum interesse, uma ou outra oportunidade – ainda que nenhuma escandalosa! – e duas equipas que gostam de jogar à bola.

Só que faltou o golo. Esse bem que é tão essencial ao jogo como o sal é à comida.

Luís Esteves e Konan, sobretudo eles a sobressair do coletivo, foram mexendo o jogo. O português enquanto teve fôlego foi um dos grandes responsáveis pelo galo atrevido que foi servido na casa do vizinho. Mas foi travado quase sempre pela segurança de Carevic.

Os famalicenses, por seu turno, dependeram mais dos fogachos individuais. Gil Dias de um lado, Sorriso do outro, tentaram agitar, principalmente na 2.ª parte, quando o jogo ficou mais partido, mas as tentativas de ambos saíram sempre ligeiramente ao lado da baliza de Andrew.

E com isso, a equipa de Hugo Oliveira falhou um dos objetivos que tinha na ementa: igualar o melhor arranque de sempre no campeonato, alcançado na época passada, por Armando Evangelista. É certo que se mantém sem sofrer golos no campeonato, mas também descola do grupo de líderes do campeonato.

É o tal sabor agridoce que será partilhado com o vizinho, que sai de Famalicão com a sensação de que fez mais para no fim cobrar a fatura e saborear a vitória.

Não deu para uns. Também não deu para os outros. Para a próxima come-se melhor.

Notas dos jogadores do Famalicão: Carevic (7); Rodrigo Pinheiro (6), Realpe (6), De Haas (6) e Rafa Soares (5); Van de Looi (5) e Mathias Amorim (6); Gil Dias (6), Gustavo Sá (5) e Sorriso (6); Elissor (5); Bondo (5), Pedro Santos (5), Mamageishvili (5), Marcos Peña (-) e Umar Abubakar (-) .

Notas dos jogadores do Gil Vicente: Andrew (6); Zé Carlos (6), Elimbi (5), Buatu (6) e Konan (7); Caseres (6) e Santi (5); Bermejo (5), Luís Esteves (7) e Martín (5); Pablo (5); Augustín (5), Murilo (5), Zé Carlos Ferreira (5), Gustavo Varela (5) e Gonçalo Maia (5).

Hugo Oliveira, treinador do Famalicão

Este jogo é a prova de que um 0-0 também pode ser um bom jogo de futebol. Foi extremamente competitivo e equilibrado, podia ter caído para qualquer lado. O Gil criou-nos algumas dificuldades pela forma como pressionou e tivemos dificuldade em criar jogo com bola. Na 2.ª parte fomos melhores, mas o resultado é justo. Mais um ponto e outro jogo sem sofrer.

César Peixoto, treinador do Gil Vicente

Só faltou a vitória, mas fizemos um grande jogo. Tivemos uma 1.ª parte muito forte, criámos várias situações e só faltou definir melhor. Foi um bom jogo, perante um adversário muito forte, mas fomos nós a melhor equipa e não era exagerado se levássemos os três pontos. Levamos um, não vamos totalmente satisfeitos, mas feliz pelo crescimento da equipa.