O Red Bull Ring voltou a expor o calcanhar de Aquiles da Yamaha — e desta vez, o desfecho foi catastrófico. As quatro M1 arrastaram-se até à meta no Grande Prémio da Áustria, terminando nas últimas posições e a uns humilhantes 25 a 37 segundos do vencedor Marc Márquez. Para um construtor que já foi o padrão de excelência no MotoGP, este pesadelo abalou o paddock até ao âmago.

Pilotos Explodem em Fúria

Fabio Quartararo não poupou palavras ao desastre:

“A moto derrapava demasiado, faltava aderência, potência, tudo. O meu trabalho é dar o máximo, mas o trabalho da Yamaha é dar-nos uma moto competitiva. É ridículo que todas as nossas motos tenham terminado em último.”

Alex Rins, tentando manter a moral, apelou à união:

“A Yamaha conhece os problemas… temos de permanecer juntos e trabalhar.”

Mas Miguel Oliveira expôs a dura realidade:

“Não temos tração à saída das curvas. Um dos maiores problemas é a travagem. O Fabio faz a diferença, mas isso é só ele. Chegámos ao limite do potencial desta moto.”

No fim da tabela, Jack Miller mostrou igual frustração:

“Este pneu traseiro simplesmente não nos serviu. A 120-130 km/h a moto só patina como um tornado.”

O veredicto coletivo? A M1 está partida — e nenhum feito heroico dos pilotos a consegue salvar.

Um Remendo Sem Futuro

Com o Balaton Park já no horizonte, Quartararo antevê mais problemas:

“Parece mais um circuito de stop-and-go… não são boas notícias para nós. Vamos adaptar-nos e ver o que conseguimos fazer. Não acredito que possa ficar pior.”

Este diagnóstico sombrio resume a atual realidade da Yamaha: lutar não por pódios, mas apenas para evitar o fundo da tabela.

O Salva-Vidas V4

Há, no entanto, uma réstia de esperança — ou pelo menos a promessa dela. A Yamaha está agora totalmente empenhada no projeto radical de um motor V4 para 2025. Os pilotos de testes Andrea Dovizioso e Augusto Fernández já deram as primeiras voltas com o protótipo, e os titulares poderão experimentá-lo já nos testes pós-corrida de Misano. Rumores apontam até para uma possível participação wild card de Fernández com o V4 ainda este ano, tal é a pressa da Yamaha em provar que pode voltar a rivalizar com a potência de Ducati e KTM.

Paolo Pavesio, Diretor-Geral da Yamaha, foi direto:

“Estamos muito perto de uma decisão. O novo motor tem de igualar ou superar a M1 — caso contrário, não haverá transição.”

O Tempo Está a Esgotar-se

A verdade é inegável: a janela competitiva da M1 fechou-se. A margem de performance, já curta, está agora esmagada por problemas crónicos de tração traseira, deixando a Yamaha a afundar-se em pistas como Spielberg. Pequenas atualizações já não chegam — o projeto V4 não é apenas uma aposta, é uma questão de sobrevivência.

À medida que o MotoGP ruma à Hungria e além, a questão é clara: conseguirá a Yamaha renascer das cinzas com uma revolução, ou afundar-se-á ainda mais na irrelevância?

A crise é real. Os pilotos estão furiosos. E o mundo do MotoGP observa atento.