Parece que não. Assim sendo: «Música, maestro!»

Não se fez Taça, mas fez-se festa - e de que maneira! Com uma boa casa a apadrinhar a estreia de João Pereira ao leme dos leões, viveu-se uma noite de alegria em Alvalade, independentemente do resultado - nesse capítulo o Sporting foi ampla e naturalmente superior (6-0). São ambientes como este - especiais por serem tão improváveis - que a Taça de Portugal tem uma beleza característica.

Nesse sentido, estamos proibidos de falar sobre os 90 minutos sem antes mencionar os momentos que ficaram para a eternidade: enorme mancha alvinegra nas bancadas e lágrimas em campo, ainda antes do apito inicial. Para muitos, foi dia de «cumprir calendário»; para estes mencionados, foi a noite de uma vida, uma experiência para contar a todos os sucessores na árvore genealógica.

Lado a lado e em frente

Ora, não foi só para as pessoas afetas aos visitantes que a noite foi especial. Há, decerto, um leão que jamais vai esquecer o dia 22 de novembro de 2024: João Pereira. Vitorioso e apoiado no primeiro jogo enquanto comandante leonino. «Lado a lado, mister», leu-se, ainda antes do resultado ganhar volume, nas bancadas.

Mensagem clara: adeptos acreditam em João Pereira @Kapta+

Se foi «antes do resultado ganhar volume», foi bem cedo, porque esta máquina de golos parece que, mesmo sem Amorim, continua bem oleada.

A prova dos nove não seria, logicamente, frente ao Amarante FC - com todo o respeito pelo clube. Ainda assim, foi um teste positivo, passado com sucesso. O truque terá sido não mexer muito - o onze, tendo em consideração o contexto Taça, poderia perfeitamente ter sido apresentado por Amorim - e resultou.

Ricardo Esgaio e Iván Fresneda foram os donos das laterais, Jeremiah St. Juste e Marcus Edwards foram lançados no onze depois de alguns jogos de gestão, Conrad Harder e Vladan Kovačević foram as «novidades» nas extremidades do campo. De resto, sem grandes surpresas.

O apito pareceu alertar que metade do campo ficou para arrendar. O Amarante FC não veio com o autocarro, mas, face ao poderio leonino, não teve outro remédio que não seja meter-se nas imediações da área e esperar por uma noite-não adversária. Não foi o caso.

Com a hipnose que lhe é inerente, Edwards abriu o ativo com o pior pé num golaço de levantar o estádio - veremos como aproveita a ausência de Pote, por lesão, até ao final do ano. Daí em diante, foi como o ketchup e as grandes oportunidades sucederam-se em catadupa.

O melhor marcador do Sporting na Taça de Portugal @Kapta+

Harder falhou escandalosamente, de baliza aberta, mas foi a tempo de redimir-se e fazer o gosto ao pé. Bragança também tentou - de passe açucarado, com três assistências - e até deu para Esgaio, conhecido por tudo menos pelos golos, marcar. Sem que se desse conta do tempo passar, Edwards bisou e fechou a primeira parte com um 4-0.

Tudo simples, tudo eficaz, tudo demolidor. Se a era João Pereira for semelhante ao primeiro jogo, está o Sporting bem.

No segundo tempo, a toada foi a mesma - o Amarante ainda entusiasmou os adeptos com uma ou outra chegada ao último terço, mas incapaz de mexer com o marcador. Por isso, deu para rodar a equipa e estrear jovens da formação. Com menos fulgor, os leões fizeram o quinto, por Trincão, e... caro leitor, não está a achar nada suspeito nesta crónica?

Ainda não falámos de Viktor Gyökeres. Saltou do banco ao intervalo, atirou duas vezes ao poste e, perto dos 90 minutos, fez o golinho da praxe, como não poderia deixar de ser.

Goleada numa noite onde, pela festa, pelo ambiente e pelas diferenças de argumentos, não existiram derrotados.