Estará a Ducati a tornar-se escrava de Márquez? A armadilha dourada que ecoa a queda da Honda

No mundo de alta rotação da MotoGP, Marc Márquez entrou em 2025 com um domínio sem precedentes que deixou os rivais a comer pó. Com sete vitórias consecutivas e uns impressionantes 455 pontos já somados, Márquez não está apenas a ganhar; está a aniquilar a concorrência. No entanto, por detrás desta fachada impressionante esconde-se uma pergunta inquietante: estará a Ducati a arriscar uma dependência perigosa do seu “alien”, repetindo o erro catastrófico que a Honda cometeu?

A síndrome Honda que assombra Borgo Panigale

A história já mostrou os riscos de se desenvolver uma moto exclusivamente para um talento singular. A Honda fê-lo com a RC213V, moldada em torno de Márquez, deixando os restantes pilotos reduzidos a meras notas de rodapé. O resultado? Uma máquina imbatível nas mãos do espanhol, mas um pesadelo para todos os outros. Quando as lesões afastaram Márquez das pistas, a HRC ruiu, expondo a fragilidade da sua estratégia.

Agora, cresce a sensação de que a Ducati pode estar a seguir o mesmo caminho traiçoeiro. O jornalista Simon Patterson, da The Race, lançou o alerta:

“Acho que a Ducati terá de ter muito cuidado nos próximos 18 meses. Isto lembra os primeiros problemas da Honda. Este piloto é totalmente indiferente às dificuldades dos outros, e a moto está a seguir numa direção potencialmente impossível para todos os restantes.”

O aviso é claro: apesar da supremacia atual, a Ducati pode estar a forjar uma moto feita apenas para Márquez, um risco que a história já mostrou ser desastroso.

A Ducati arrisca a mesma ressaca da Honda

Enquanto isso, Pecco Bagnaia, bicampeão da Ducati na MotoGP, é apenas uma sombra de si próprio. Com apenas uma vitória esta época e já 227 pontos atrás, luta para domar a GP25, uma máquina aparentemente talhada para o estilo agressivo e instintivo de Márquez. Conhecida pela sua instabilidade na dianteira, a GP25 está longe de agradar às preferências de Bagnaia, que privilegia uma frente sólida. O resultado? O campeão em título afunda-se cada vez mais na crise, esmagado pela “moto de Márquez”.

A ironia é evidente: enquanto a Ducati se banha na glória do domínio atual, pode estar a semear a sua própria queda. Apenas a moto de Márquez brilha, enquanto os outros pilotos da marca se perdem na sombra. O caminho de desenvolvimento corre o risco de se tornar estreito e limitado, focado apenas na equação “um homem — uma moto”.

Um império brilhante… mas frágil

Este cenário pinta uma ilusão perigosa: a Ducati pode estar a vencer na MotoGP, mas à custa do equilíbrio técnico e da formação de talento diversificado. Para já, os adeptos vibram com a Desmosedici no topo. Mas se a Ducati continuar a ajoelhar-se perante o seu novo messias, corre o risco de repetir a história: um império brilhante, mas frágil, erguido sobre os ombros de um único piloto.

E quando Márquez eventualmente sair de cena, Borgo Panigale poderá acordar para a mesma ressaca amarga que um dia destruiu a Honda.

Aposta de risco máximo

As apostas nunca foram tão altas para a Ducati. Irão eles ouvir os avisos da história ou avançar cegamente, amarrados ao talento extraordinário de um só homem?

O mundo da MotoGP observa, em suspenso.