
É verdade, caro leitor. 549 dias depois, Zaidu voltou a ser titular na equipa do FC Porto. As lesões de Martim Fernandes e a falta de preparação do recém-recuperado Francisco Moura - que esteve no banco -, fizeram com que o nigeriano jogasse os 90 minutos diante do Gil Vicente.
A resposta de Zaidu - muitas vezes alvo de troça pelos próprios adeptos dos dragões - foi muito positiva: assistência e uma ótima exibição no novo papel oferecido pelo sistema de Francesco Farioli.
O patinho feio que jogou sempre
Zaidu chegou aos dragões em agosto de 2020, em plena pandemia, depois de uma temporada onde se destacou no Santa Clara de João Henriques. Nessa época - a primeira no principal escalão português -, o ala mostrou-se ao mundo com um golo numa vitória dos açorianos no Estádio da Luz.

O salto para o FC Porto era gigante, ainda mais para um jovem nigeriano que, duas temporadas antes, jogava no modesto Mirandela, no Campeonato de Portugal. O que é certo é que Zaidu se assumiu como titular numa fase embrionária da temporada, aquando da saída de Alex Telles.
A verdade é que o lateral esquerdo foi sempre considerado pelos adeptos o 'elo mais fraco' dos plantéis portistas por onde foi passando. Alguns erros de nível técnico detonaram a imagem do jogador. Porém, Sérgio Conceição acreditou sempre em Zaidu e, apesar da crítica, este foi cumprindo regularmente os mínimos olímpicos para jogar de dragão ao peito.
O apogeu do nigeriano aconteceu em terreno inimigo. 7 de maio de 2022, o FC Porto precisava de uma vitória no Estádio da Luz para se sagrar campeão e, eis que ao minuto 90+4, apareceu Zaidu para trazer o título para a invicta. O patinho feio virou ídolo no covil do Dragão.

Uma nova vida?
Depois de três temporadas a ser praticamente sempre opção no plantel azul e branco, a carreira de Zaidu sofreu um duro revés. Uma rotura total do ligamento cruzado anterior e do ligamento lateral externo do joelho esquerdo deixou o jogador fora da competição durante uns longos 326 dias.
O regresso surgiu contra o Sporting, em Leiria, em janeiro deste ano, ainda pela mão de Vítor Bruno. Para Anselmi, Zaidu pouco ou nada contou - não chegou sequer a 90 minutos de utilização com o argentino ao leme.
Com a saída de Anselmi e a revolução no plantel portista, Zaidu foi sempre considerado pelos adeptos um jogador a prazo no clube, mas as circunstâncias da temporada fizeram com que o lateral ainda se encontre no leque de opções de Farioli, que apostou nele para a posição mais à esquerda da defesa do seu 4-3-3 em Barcelos.
O papel que Farioli exige aos laterais assenta em duas pedras basilares: calma com bola e disponibilidade física para fazer piscinas durante todo o jogo. Aí - principalmente no segundo ponto -, Zaidu transcendeu-se.
No 130º jogo com a camisola dos dragões na Liga, o nigeriano rubricou uma belíssima exibição. Seguro na construção, sem grandes invenções, e com a capacidade de fazer o vai e vem pelo corredor esquerdo, Zaidu foi um dos melhores em campo e assistiu Pepê para o golo da tranquilidade portista. Fez o underlap quando Gabri Veiga recebeu mais aberto e cruzou forte para o centro da área, onde o brasileiro encostou bem para o fundo das redes.
Aliás, apesar de ter sido sempre associado a um lateral de propensão ofensiva, esta foi apenas a segunda assistência pelo FC Porto. A primeira foi há quase 5 anos: em outubro de 2025, frente ao Sporting, no terceiro jogo de Zaidu pelo clube.
O futebol é o momento e um território onde se vive da oportunidade. Zaidu teve a sua e aproveitou-a da melhor forma: conseguirá o defesa esquerdo ter uma nova vida nos dragões?