O dirigente do PS João Azevedo considerou hoje que o Governo tem demonstrado "insensibilidade e falta de empatia" na gestão dos incêndios que atingem o país, e que o primeiro-ministro tem revelado "incapacidade de liderança política".

Numa conferência de imprensa, na sede do partido, em Lisboa, após uma reunião do secretariado nacional do PS, o ex-deputado João Azevedo afirmou que o processo de resposta aos incêndios que atingem o país tem revelado a "insensibilidade e falta de empatia" do Governo, para depois salientar a "posição responsável e propositiva" do PS.

"Não contarão connosco para qualquer tentativa de aproveitamento partidário ou de chicana política", disse, repetindo a expressão usada pelo secretário-geral do PS quando, num primeiro momento, garantiu que os socialistas se iam opor às propostas do Chega e PCP para um debate extraordinário no parlamento com a presença do Governo.

Para o socialista, o executivo "nunca soube esta do lado da prevenção", negligenciado matérias como a limpeza das florestas e a fiscalização, e o primeiro-ministro tem revelado "uma manifesta incapacidade de liderança política" na "antecipação dos riscos e na assunção da suas responsabilidades".

O membro do secretariado nacional do PS com a pasta da economia e desenvolvimento regional enumerou as sugestões dadas pelo partido ao Governo, como a ativação do mecanismo europeu de proteção civil ou a declaração da situação de contigência, lamentando que o Governo, por falta de sensibilidade, tenha sido "sempre ultrapassado pelos factos".

O socialista falou à comunicação social minutos antes de serem conhecidas as conclusões da reunião do Conselho de Ministros de hoje sobre os incêndios, abstendo-se, por isso, de comentar as expectativas do partido para a reunião do executivo, frisando que espera que o PS seja ouvido "no momento certo" sobre o que será anunciado.

"O Partido Socialista tem sempre grandes responsabilidades na governação do país e também no poder local e, portanto, está sempre disponível para ajudar a construir políticas, etapas e momentos para resolver os problemas das portugueses e dos portugueses", disse ainda.

Portugal continental tem sido afetado por múltiplos incêndios rurais de grande dimensão desde julho, sobretudo nas regiões Norte e Centro. Três pessoas morreram e registaram-se vários feridos.

Segundo dados oficiais provisórios, até 21 de agosto arderam 234 mil hectares no país, mais de 53 mil dos quais só no incêndio de Arganil.