O primeiro-ministro, Luís Montenegro, admitiu hoje a necessidade de uma reflexão sobre o atual sistema de Proteção Civil e da sua capacidade operacional, mas considerou que agora não é o momento oportuno, porque ainda há operacionais no terreno.

Em conferência de imprensa após uma reunião extraordinária do Conselho de Ministros, em Viseu, Luís Montenegro foi questionado sobre a reorganização operacional da Proteção Civil ao nível da divisão territorial do sistema de comando e a possibilidade de o Estado ter uma frota de meios aéreos próprios.

"As duas questões são muito pertinentes. A primeira, de resto, tem uma presença literal no programa do Governo", garantiu.

No que respeita à segunda, o primeiro-ministro disse que encerra uma reflexão sobre "o sistema de Proteção Civil e da sua capacidade operacional".

"Mas, francamente, numa altura onde esse sistema está em pleno funcionamento, onde os operacionais estão a cumprir a tarefa de o protagonizar em defesa e proteção da nossa segurança, da nossa vida e do nosso património, não é oportuno, e eu não vou aqui violar esse meu princípio, de estar nesta ocasião a promover essa discussão", justificou.

Luís Montenegro reconheceu que deve ser feita uma avaliação sobre o sistema atual, "a forma como ele pode gerar ou não melhor coordenação, melhor capacidade operacional, como é que pode evitar mais eventos ou a dimensão dos mesmos".

"Tudo isso deve ser alvo de um aprofundamento para depois o poder político e legislativo poder decidir", defendeu.

O primeiro-ministro referiu que o número de ocorrências entre 01 e 20 de agosto teve um crescimento de 65% face ao período homólogo de 2024.

"Tivemos 1.902 ocorrências, o que representa um acréscimo de 753 face às 1.149 que tínhamos tido. Ou seja, o desafio foi de forma muito significativa superior no número de ocorrências", sublinhou.

Segundo Montenegro, face à severidade meteorológica, ao aumento do número de ocorrências e aos dias seguidos de incêndios, foi preciso "mobilizar operacionais em concreto para tarefas no terreno, num quantitativo que foi superior em 129%".

"Portanto, enviámos para teatros de operações mais 129% de operacionais do que aquilo que tínhamos mandado nos mesmos 20 dias há um ano", afirmou.

No que respeita ao empenho de meios aéreos, o primeiro-ministro disse que "é uma questão que está sempre em permanência no debate sobre o dispositivo", mesmo com os condicionamentos operacionais.

"Temos um quadro de meios aéreos que é ligeiramente superior ao que tínhamos o ano passado, mas o trabalho que eles realizaram foi superior em 210% àquele que tinha sido realizado há um ano", realçou.