Um agente da polícia moçambicana foi esta segunda-feira linchado por populares, após a morte de uma criança a tiro durante uma perseguição na província de Maputo, sul de Moçambique, causando agitação social, com viaturas queimadas e bloqueio da principal estrada do país.

“Após o trágico infortúnio [da morte da criança], a viatura parou e os passageiros junto de outros populares que assistiam ao fenómeno agrediram os [quatro] agentes, tendo, infelizmente, linchado [um] membro da PRM, [integrante do grupo] (…), primeiro cabo da polícia”, lê-se num comunicado do Comando-Geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), enviado à comunicação social.

Em causa estão quatro agentes da polícia que alegadamente mataram a tiro uma criança de 12 anos, na província de Maputo, durante uma perseguição, usando um carro particular, à viatura em que o menor seguia com os seus pais para a província de Manica, no centro de Moçambique.

O comando-geral da polícia moçambicana refere que os agentes dispararam contra a viatura após “tentativas frustradas de imobilização“, mas sem mencionar as causas da perseguição.

“Por conseguinte, pelo sucedido, e como medidas tomadas, os três agentes envolvidos encontram-se sob custódia policial (…). O comando-geral da PRM repreende profundamente o comportamento desproporcional e imprudente praticado pelos quatro agentes”, refere-se no comunicado.

A polícia moçambicana avançou que foi instaurado um processo disciplinar contra os agentes “com vista à sua expulsão”, enquanto decorrem outras diligências para a responsabilização criminal dos polícias.

Agentes agredidos e o bloqueio à principal estrada de Moçambique

Além de agredir os agentes, em protesto contra a morte da criança, os populares bloquearam a Estrada Nacional 1 (EN1), principal via terrestre do país, desde às 06:00 [05:00 em Lisboa] da manhã, interrompendo a circulação de viaturas em Bobole, na província de Maputo, anteriormente um dos palcos de contestação dos resultados das eleições gerais de 09 de outubro, constatou a Lusa no terreno.

Os populares queimaram também carros, levando a polícia a disparar gás lacrimogéneo para dispersar a população e a circulação só foi reposta às 12:00 [11:00 em Lisboa].

O comando-geral lamenta as mortes da criança e do agente da corporação, enquanto pede que a sociedade moçambicana não se paute pela justiça “pelas próprias mãos, independente das circunstâncias”.