A indústria brasileira do cacau alertou, esta segunda-feira, que será "economicamente inviável" exportar para os Estados Unidos com as tarifas de 50% que entram em vigor amanhã.

A Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC) manifestou, em comunicado, a sua preocupação com a nova taxa que afetará as exportações de derivados de cacau do Brasil para os Estados Unidos.

De acordo com a AIPC, que reúne as quatro empresas responsáveis por aproximadamente 95% da compra e moagem de cacau no Brasil, a economia norte-americana representa o segundo destino do cacau brasileiro e responde por 18% das exportações do setor.

Estima-se que as perdas, caso a tarifa seja mantida, possam atingir mais de 31 milhões de euros.

Além disso, a entidade assinala que a taxa "ameaça diretamente a competitividade do setor" e coloca em risco "o funcionamento da indústria nacional de processamento de cacau", uma vez que a sua estrutura produtiva "depende da moagem das amêndoas", cujo principal subproduto é a manteiga de cacau.

Este derivado, disse, é "muito procurado pelo mercado norte-americano", que concentra praticamente 100% das exportações brasileiras deste produto.

Nesse sentido, a associação afirmou que "acredita no diálogo como caminho para superar o conflito" e reforçou a "necessidade de um esforço na esfera diplomática" para que tanto o cacau como os seus derivados sejam incluídos na lista de quase 700 itens que ficaram isentos da tarifa.

Em 2024, as exportações de derivados do cacau para o mercado norte-americano totalizaram 62 milhões de euros e, no primeiro semestre deste ano, já atingiram 56 milhões de euros.