
Mais de 50 mil migrantes atravessaram o Canal da Mancha em pequenas embarcações desde que Keir Starmer tomou posse como primeiro-ministro do Reino Unido, no verão passado.
Segundo o Ministério do Interior britânico, 50.271 pessoas fizeram a travessia, depois de 474 migrantes terem chegado na segunda-feira. Só nos primeiros seis meses do ano chegaram quase 20 mil pessoas, um aumento de 50% face ao ano passado.
Os migrantes vindos de França de forma ilegal podem agora ser detidos e enviados de novo para França, depois da aprovação de uma nova lei que entrou em vigor na semana passada.
Durante a campanha eleitoral, Starmer ganhou popularidade por prometer que acabaria com as travessias. Segundo a BBC, a ministra da Educação, Bridget Phillipson, já saiu em defesa de Starmer, garantindo que o Governo “vai inverter a situação”.
A oposição já reagiu. Kemi Badenoch, líder conservadora, considera que os dados hoje conhecidos mostram que “o plano trabalhista não passou de um slogan”.
Facto é que, de acordo com a imprensa britânica, não é a primeira vez que 50 mil pessoas atravessaram o Canal da Mancha num período de 403 dias. Já havia acontecido entre outubro de 2021 e novembro de 2022, altura em que o Governo conservador estava no poder.
Em reação aos números, à BBC, um membro do partido trabalhista afirmou que o número de travessias era “inaceitável”, mas lembrou o acordo de devoluções firmado com França. O pacto prevê que o Reino Unido devolva alguns migrantes a França, recebendo em contrapartida o mesmo número de requentes de asilo, mas com processos considerados legítimos.
Várias dezenas de migrantes já terão sido detidos ao abrigo do novo acordo e as primeiras devoluções poderão ocorrer dentro de semanas.
De acordo com as Nações Unidas, pelo menos 20 pessoas morreram este ano a tentar atravessar o Canal da Mancha.