Mais de 320 pessoas morreram devido à monção invulgarmente intensa que atingiu o norte do Paquistão nos últimos dias, segundo um novo balanço das autoridades, que admitem o aumento do número de vítimas.

Só na região montanhosa de Khyber-Pakhtunkhwa já foram confirmadas 321 mortes, de acordo com a Autoridade Nacional de Gestão de Desastres,

A maioria das vítimas foi arrastada por inundações repentinas, morreu no desabamento das suas casas, foi eletrocutada ou atingida por um raio.

Mais de 2.000 socorristas procuravam hoje corpos soterrados nesta região, que faz fronteira com o Afeganistão, e quando ainda se registam chuvas fortes.

"Fortes chuvas, deslizamentos de terra e estradas bloqueadas impedem o acesso de ambulâncias e as equipes de resgate têm que viajar a pé", disse à agência France-Presse (AFP) Bilal Ahmed Faizi, porta-voz dos serviços de resgate da província.

Os serviços de resgate "estão a tentar retirar os sobreviventes, mas muito poucos concordam em sair porque perderam entes queridos, ainda presos nos escombros", relatou.

As autoridades alertam que as chuvas vão intensificar-se ainda mais nas próximas duas semanas.

Foram também registados 12 mortos em Gilgit-Baltistão e mais 11 na Caxemira paquistanesa, segundo a Geo TV, citada pela agência de notícias espanhola Europa Press.

As inundações e os deslizamentos de terra das últimas horas somam-se a um balanço já particularmente mortífero da época de monções, iniciada no final de junho.

Os diferentes níveis da administração procuram agora prestar apoio aos milhares de desalojados.

O primeiro-ministro, Shehbaz Sharif, prometeu ajuda urgente às zonas afetadas, nomeadamente através de assistência médica e do envio de maquinaria pesada.

"O Governo mobilizará todos os recursos para as operações de resgate e de apoio", anunciou o primeiro-ministro paquistanês na rede social X, transmitindo condolências às vítimas e às suas famílias.

O Paquistão, o quinto país mais populoso do mundo, é um dos mais vulneráveis aos efeitos das alterações climáticas.

Os 255 milhões de paquistaneses já sofreram, nos últimos anos, inundações maciças e mortíferas, rebentamentos de lagos glaciais e secas inéditas - fenómenos que, segundo os cientistas, tenderão a multiplicar-se sob a influência das alterações climáticas.

Em julho, o Punjab, onde vive quase metade da população do Paquistão, registou precipitações 73% superiores às do ano anterior. Só nesse mês, a província contabilizou mais mortes do que em toda a época das monções anterior.

A monção traz entre 70 e 80% das precipitações anuais no Sul da Ásia, entre junho e setembro, e é vital para a subsistência de milhões de agricultores numa região que conta com cerca de dois mil milhões de habitantes.