
O presidente do Turismo do Porto e Norte de Portugal, Luís Pedro Martins, disse hoje que deve "estar por horas" a chegada de linhas de crédito para financiar a 90% de fundo perdido o setor turístico fustigado pelos incêndios há oito dias.
Em declarações à Lusa a propósito do impacto dos incêndios que deflagraram no Norte de Portugal e têm fustigado a região na última semana, Luís Pedro Martins alertou que há já prejuízos graves nas reservas de alojamento, restauração e atividades turísticas na natureza e que as linhas de crédito são essenciais para apoiar os operadores a resistir a esta tragédia.
"Sabemos que deve estar por horas. O senhor ministro da Economia e da Coesão [Manuel Castro Almeida] anunciou em Arouca na semana passada que elas [linhas de crédito] vão existir. No contacto que temos com o secretário de Estado do Turismo é nos dito que está mesmo, de facto, por horas para poder sair", declarou presidente da Turismo do Porto e Norte de Portugal (TPNP).
Segundo o presidente da TPNP, as "linhas de crédito vão poder permitir financiamentos até uma ordem de grandeza de cerca de 90% de fundo perdido".
"Esperemos que possam diminuir este impacto negativo que estas empresas já estão a ter", disse, recordando que esta tragédia acontece no "pico da operação que é o verão, altura em que a operação é mais forte".
Luís Pedro Martins destacou que os operadores turísticos que operam na região do Norte fustigada pelos incêndios estão a registar cancelamentos das reservas no alojamento, restauração e atividades desde há oito dias e carecem de linhas de apoio.
"Estamos em contacto permanente com os autarcas, mas também com o secretário de Estado do Turismo e com o presidente do Turismo de Portugal e sabemos que estão a ser preparadas linhas de apoio, a exemplo do que aconteceu em anos anteriores, no setor do turismo".
As linhas de apoio vão ajudar a diminuir este impacto negativo que o setor está a ter na operação turística, mas não vão ajudar a resolver o da destruição da natureza, alertou.
"Esse [impacto] infelizmente não se resolve com dinheiro e vai demorar mais tempo até que a própria natureza se possa voltar a reciclar e a devolver ao Norte este ativo tão importante como é toda esta diversidade que hoje está debaixo de ameaça".
Em Arouca são 28 as empresas a fazer a sua operação turística como base na natureza. Essas empresas, em 2024, faturaram cerca de 15 milhões de euros, recordou.
Luis Pedro Martins refere que no alojamento estão a registar-se cancelamentos desde há uma semana.
"As pessoas quando vão para este tipo de experiências fazem reservas de alojamento, de restauração e os nossos associados já nos indicaram que há cancelamentos desde há uma semana".
Felizmente não há nenhuma estrutura, com exceção dos Passadiços do Paiva, afetados, asseverou o presidente da TPNP.
Todavia, avisa que a operação turística está a ser muito afetada, porque os "turistas deixam de frequentar os locais onde veem nas notícias que estão em situações de incêndio grave.
"Só na região de Ponte da Barca arderam 7.550 hectares e no Parque Nacional da Peneda-Gerês 5.850 hectares, recordou o presidente da TPNP.
"É uma área muito grande e infelizmente, ao dia de hoje, também o Parque Natural do Alvão já está sob ameaça com um incêndio bastante grande. O Norte está a ser fustigado com os incêndios e a atividade turística também", lamenta.
Luís Pedro Martins recordou que a natureza é um dos" principais ativos da região do Porto e Norte" e uma das "tendências mais fortes no turismo".
Mais de 140 concelhos do interior Norte e Centro do país e da região do Algarve estão hoje sob risco máximo de incêndio, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera.
O aviso para Bragança, Porto, Vila Real, Viana do Castelo e Braga vai prolongar-se até às 18:00 de terça-feira, quando será substituído por aviso laranja (no caso de Vila Real e Bragança), e amarelo nos restantes casos.