
Na minha prática profissional, questiono-me muitas vezes, como seria se trabalhássemos a prevenção, começando com uma linguagem emocional e uma psicoeducação acerca das emoções, no meio familiar, educacional (entre outros). Evitaríamos o desenvolvimento dos problemas de vinculação, como a vinculação ansiosa e a vinculação evitante,que estãopresentes, em muitos de nós, e que, se desenvolveu a partir de uma parentalidade distante a nível emocional, na nossa infância,após ter existido o excesso de proteção ou a ausência de regras e claro, a falta de orientação ou da presença emocional, das figuras de vinculação.
Pense neste exemplo: “Bom dia filho(a)! Hoje o dia está a ser difícil para mim!…Sinto-memais cansada e desmotivada, estou apensarque posso não ter energia para o dia todo equeriaconseguir descansar. E tu como te sentes hoje? O que pensas e o que querias que hoje acontecesse?”
Utilizei o “sinto, penso e quero”, no exemplo, para vos explicar o que é uma comunicação assertiva, ausente de julgamentos e fluída, que pode ser dirigida aos filhos, pelos pais. Tantas vezes os pais me dizem em consulta que os filhos adolescentes não expressão o que sentem. Mas será que há o hábito e o treino de o fazerem, desde cedo? O que são as emoções para os nossos filhos? Um tema conhecido?
Importa também saber que há mudanças cerebrais e emocionais na adolescência.As mais evidentes são o aumento da dopamina. Por isso é que, devido aosistemade recompensa, há uma procura deprazer imediato e de reconhecimento social, o que coloca pessoas na fase da adolescência menos disponíveis para falar acerca do que as aborrece. Por exemplo, nasplataformas online, como o tiktok, este sistema de recompensa ativa-se,por isso, eles passam a procuraro prazer e o bem-estar em todos os momentos, mas, isso não é possível com nenhum de nós, “estarmos sempre bem”, não é possível, em nenhuma fase da nossa vida. O desconforto emocional, precisa de ser enfrentado.
Outro aspeto importante, é que o córtexpré-frontal, encontra-se ainda a desenvolver eé ele que éresponsável pela nossa capacidade deplanear, de controlar os nossos impulsos, do julgamento e da tomada de decisões, que deixa de se desenvolver, só aos 25 anos. Isto explica a impulsividade presente na adolescência.A amígdala (que processa as nossas emoções, como por exemplo, omedo e a raiva), está mais reativa eos adolescentes muitas vezes respondem, muitoantes de pensar. É ainda no período, da infânciaaté ao final da nossa adolescência, que formamos todos os nossos esquemas precoces mal adaptativos (o que pensamos sobre nós ou outros e o mundo, que está distorcido) devido ao que faltou na nossa infância a nível emocional.
Exemplos são: A compreensão, o elogio, a liberdade, a presença das figuras importantes, a compreensão, o afeto, a diversão e o brincar, ouvir, falar, a atenção incondicional. Por isso, formamos a nossa identidade na adolescência, mas muitas vezes ela fica por desenvolver até muito tarde, o que arrasta conflitos, insegurança e resistência à mudança e às figuras de autoridade. Outro aspeto fundamental é o de que, ao longo das fases da nossa vida, temos interesses diferentes. Na adolescência o foco está direcionado para o grupo social, os nossos amigos. Os pais não devem querer iniciar uma luta de quem é mais importante, para o filho, porque é só uma fase e devem sentir-se seguros de que, se estiverem a cuidar do vínculo emocional que têm com os filhos, serão sempre a referência final, porque serão o lugar seguro dos filhos. Onde eles querem recorrer quando alguma coisa corre mal e onde eles sabem que podem ser autênticos, porque serão sempre aceites.
Notícia elacionada
Redes sociais associadas a ferimentos autoinfligidos em crianças e adolescentes