
O Governo israelita aprovou hoje um plano para o desenvolvimento das comunidades no oeste do deserto do Negev, que, segundo o ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, visa duplicar a população das localidades junto da Faixa de Gaza.
"Vamos abrir e acolher Ofakim, Netivot, Meerhavim, Eshkol, Sahar Negev e Sdot Negev. Pretendemos desenvolver zonas industriais, promover centros de inovação e investigação e também estabelecer a primeira aldeia paralímpica deste tipo em Israel para atletas com deficiência", declarou o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, durante a reunião do executivo que aprovou a medida, de acordo com um comunicado do seu gabinete.
Smotrich afirmou, por sua vez, que o projeto tem "o potencial de duplicar a população nestas zonas do país" e permitir a criação daquilo a que chama a "zona perimetral" da Faixa de Gaza.
O que se entende por "zona perimetral" é toda a área que rodeia a Faixa de Gaza até cerca de sete quilómetros da linha divisória entre Israel e o enclave palestiniano, que inclui numerosos 'kibutz' (comunidades agrárias) e a cidade de Sderot, com cerca de 30 mil habitantes.
A região é também mais suscetível a disparos ocasionais de 'rockets' por parte das milícias do enclave e foi a que mais sofreu com o ataque de 07 de outubro de 2023, quando homens armados liderados pelo grupo islamita palestiniano Hamas invadiram o território israelita e mataram cerca de 1.200 pessoas.
"A verdadeira vitória chegará quando os poucos inimigos que restam do outro lado da fronteira olharem para o lado israelita e disserem a si próprios: 'A região da terra que queríamos atingir e eliminar está a crescer, a florescer e a desenvolver-se'", comentou Smotrich.
O plano do governo visa alocar 1,8 milhões de shekels (cerca de 450 mil euros).
O conflito na Faixa de Gaza foi desencadeado pelos ataques de 07 de outubro de 2023, onde foram também feitos perto de 250 reféns.
Em retaliação, Israel lançou uma vasta operação militar no território, que já provocou mais de 60 mil mortos, segundo as autoridades locais controladas pelo Hamas, a destruição de quase todas as infraestruturas do enclave e a deslocação de centenas de milhares de pessoas.
Além disso, o enclave tem estado sujeito a um bloqueio por Israel, acumulando-se relatos de fome entre a população, que foi agravada pelo afastamento das agências humanitárias da ONU e organizações não-governamentais de ajuda humanitária.