Um importante dispositivo militar foi esta sexta-feira mobilizado na Colômbia, após ataques perpetrados por grupos armados que fizeram pelo menos 18 mortos e dezenas de feridos, sinal da intensificação da violência no país latino-americano.

Este aumento da criminalidade ocorre a um ano das eleições presidenciais e poucos dias depois da morte, a 11 de agosto, do candidato de direita favorito, Miguel Uribe, em consequência de um atentado.

Na quinta-feira à tarde, um camião armadilhado explodiu perto de uma base aérea em Cali (sudoeste), terceira maior cidade do país, causando pelo menos sete mortos e 60 feridos, segundo as autoridades.

O presidente da Câmara, Alejandro Éder, afirmou tratar-se de um "ataque narcoterrorista" e pediu a "militarização da cidade".

Ataque é "uma reação dos rebeldes"

O ministro da Defesa, Pedro Sánchez, apontou como responsável a organização Estado-Maior Central (EMC), um grupo dissidente da ex-guerrilha das FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) que assinou a paz em 2016, condenando o que classificou como "um atentado terrorista injustificável contra a população civil de Cali".

Este ataque é "uma reação dos rebeldes" após operações das autoridades realizadas perto de uma zona de intensa cultura de coca, conhecida como Canyon de Micay, declarou o Presidente colombiano de esquerda, Gustavo Petro, ele mesmo um antigo guerrilheiro, no poder desde 2022.

"Enfrentamos uma máfia internacional, com bandos armados", sublinhou, acrescentando que "o golpe desferido na população de Cali é, sem dúvida, profundo, brutal, aterrador".

"Aeronaves da Força Aérea (...) realizam missões de reconhecimento e vigilância na zona" próxima da base militar visada, indicou o general Hugo López, comandante das Forças Armadas.

O Exército mobilizou nesse setor "todas as suas tropas" e reforçou as atividades na zona com artilharia e operações aéreas, precisou o responsável na quinta-feira à noite.

O Ministério Público anunciou ainda a detenção de dois homens "que terão participado na ativação dos engenhos explosivos" no local.

Ataque matou 12 polícias

Na quinta-feira de manhã, a cerca de 150 quilómetros de Medellín (noroeste), confrontos e um ataque com um drone a um helicóptero que realizava operações de combate à droga da polícia também fizeram muitas vítimas.

O balanço destes ataques subiu de oito para 12 polícias mortos, indicou na quinta-feira à noite o governador da região de Antioquia (noroeste), Andrés Julian Rendón.

Um responsável da polícia explicou que os agressores "perseguiram" os polícias que supervisionavam um grupo encarregado de erradicar as plantações de coca.

Este ataque foi atribuído ao grupo guerrilheiro Calarca, que usa o nome de guerra do seu líder e surgiu de uma cisão do EMC.

O Presidente Petro tentou relançar as negociações de paz com a maioria dos grupos armados que operam na Colômbia, seis anos após o acordo histórico concluído com as FARC, mas a maioria falhou ou está num impasse.

Em 2023, o EMC apoiou essas negociações, mas o seu líder, Ivan Mordisco, abandonou a mesa de negociações um ano depois.

Em junho deste ano, uma série de ataques matou cinco civis e dois polícias no sudoeste do país, e o EMC reivindicou a autoria desses ataques.