Seis idosos, antigos espiões norte-coreanos que participaram em missões secretas durante a Guerra da Coreia, pediram para ser repatriado para a Coreia do Norte, que consideram a sua verdadeira casa, após cumprirem longas penas de prisão na Coreia do Sul. O grupo que os representa reivindica que estes sejam tratados como "prisioneiros de guerra" e, por esse motivo, invocam as Convenções de Genebra, que estabelecem os direitos e deveres de pessoas, combatentes ou civis, em tempo de conflito.

A informação foi avançada por um funcionário do Ministério da Unificação da Coreia do Sul à agência France-Presse (AFP), que revelou que estão a ser avaliadas várias soluções para dar resposta ao pedido dos seis idosos.

Os seis idosos, com idades entre os 80 e os 96 anos, foram condenados a longas penas de prisão por espionagem a favor da Coreia do Norte. Um dos casos mais marcantes é o de Ahn Hak-sop, atualmente com 95 anos, que esteve detido durante mais de 40 anos até ser libertado.

De acordo com o The Korea Herald, Ahn Hak-sop teve oportunidade de regressar à Coreia do Norte no ano 2000, durante o Governo de Kim Dae-jung, juntamente com outros 63 prisioneiros "não convertidos". No entanto, preferiu permanecer na Coreia do Sul, afirmando que "lutaria até que os militares americanos saíssem da Coreia do Sul".

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Foi capturado em abril de 1953, apenas três meses antes da assinatura do Acordo de Armistício da Guerra da Coreia, a 27 de julho desse ano. Acabaria por ser julgado e condenado por colaboração com a Coreia do Norte, então considerada o “inimigo”. Agora, quer ser enterrado ao lado dos seus “camaradas” norte-coreanos, com quem cumpriu pena na Coreia do Sul.

Conflito entre Coreias começou há 75 anos

A 25 de junho de 1950, a Coreia do Norte, com o apoio da União Soviética e da China, invadiu a Coreia do Sul. Esta respondeu com a ajuda dos Estados Unidos, num conflito inserido no contexto da Guerra Fria. A guerra durou até 27 de julho de 1953, quando foi assinado um armistício que criou uma zona desmilitarizada e permitiu a troca de prisioneiros.

No entanto, nunca foi assinado um acordo de paz. Mais de 75 anos depois, as duas Coreias continuam tecnicamente em guerra, com trocas de ameaças, provocações e episódios de violência que mantêm viva a tensão entre os dois regimes, politicamente opostos.