
Foi depois da reunião na Casa Branca, que contou com a participação de Zelensky acompanhado de vários líderes europeus, que Donald Trump disse ter iniciado os "preparativos" para uma reunião entre os homólogos russo e ucraniano que poderá ser seguida de um encontro trilateral com a participação do chefe de estado norte-americano.
Os dois lados já terão dado sinal positivo. Na segunda-feira, segundo a AFP, o chanceler alemão, Friedrich Merz, afirmou que o Presidente russo aceitou o encontro que poderá ser marcado nas próximas duas semanas. O sim terá chegado numa conversa telefónica com Trump.
Também Zelensky declarou a sua vontade de estar presente. Em declarações aos jornalistas após o encontro na Casa Branca, disse estar pronto "para uma reunião bilateral com Putin e, depois disso, esperamos uma reunião trilateral".
Moscovo não confirma nem desmente encontro
Sem mencionar especificamente um futuro encontro Putin-Zelensky, o Kremlin confirmou apenas que o Presidente russo e Trump discutiram por telefone a possibilidade de aumentar o nível de representação na próxima ronda de conversações diretas com a Ucrânia.
"Em particular, foi discutida a ideia de que poderia ser estudada a possibilidade de aumentar o nível de representação dos lados ucraniano e russo, ou seja, dos representantes que participam nas negociações diretas", afirmou Yuri Ushakov, conselheiro presidencial para a política internacional.
O local da reunião ainda não foi determinado, mas o presidente francês defende a sua realização na Europa. "Mais do que uma hipótese, é mesmo a vontade coletiva", declarou Emmanuel Macron. "Será um país neutro e, por isso, talvez a Suíça. Defendo Genebra, ou outro país. A última vez que houve discussões bilaterais foi em Istambul", recordou.
Zelensky e líderes europeus reunidos com Trump na Casa Branca
A reunião de segunda-feira em Washington foi convocada por Donald Trump,após uma cimeira no Alasca na sexta-feira com o homólogo russo, que não produziu nenhum anúncio relacionado com um acordo para o conflito.
Além de Zelensky, Merz e Stubb, marcaram presença na Casa Branca os líderes francês, Emmanuel Macron, e britânico, Keir Starmer. Estiveram ainda presentes a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o secretário-geral da NATO, Mark Rutte, a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni.
Foram discutidas as garantias de segurança para a Ucrânia, adiantou o Presidente norte-americano na rede social Truth. Garantias essas, adiantou, "seriam prestadas pelos vários países europeus, em coordenação com os Estados Unidos".
"Os próximos passos serão mais complicados"
No final, Merz defendeu que a Ucrânia não deve ser forçada a fazer concessões territoriais como parte de um possível acordo de paz com a Rússia.
"A exigência russa de que Kiev ceda as partes livres do Donbass corresponde, francamente, a uma proposta de que os Estados Unidos cedam a Florida", disse Merz aos jornalistas.
Na rede social X, Merz defendeu que "os próximos passos serão mais complicados", sendo necessário "pressionar a Rússia", e insistiu na necessidade de suspensão das hostilidades. "É necessário haver um cessar-fogo antes de novas negociações", afirmou o chanceler alemão.
Putin pronto para aceitar garantias de segurança, assegura Trump
O Presidente norte-americano declarou que o homólogo russo, Vladimir Putin, está pronto para aceitar garantias de segurança para a Ucrânia, durante a reunião com líderes europeus e Zelensky.
"O Presidente Putin concorda que a Rússia deve aceitar garantias de segurança para a Ucrânia e esse é um dos pontos centrais que devemos ter em conta, e vamos tê-lo em conta nesta mesa", declarou Donald Trump no início da reunião na Casa Branca.
Trump insistiu que era necessário discutir a "troca de territórios", uma proposta apresentada por Putin para que a Ucrânia cedesse a Moscovo a soberania sobre regiões como Donetsk e Luhansk. Kiev afirmou que considera esta potencial troca intolerável e que é também tecnicamente contrária à Constituição ucraniana.
Esta segunda-feira, Zelensky anunciou que os seus aliados ocidentais vão formalizar "dentro de dez dias" as garantias de segurança para a Ucrânia, para impedir qualquer novo ataque russo ao país.
"As garantias de segurança serão provavelmente decididas pelos nossos parceiros e haverá cada vez mais detalhes, pois tudo será colocado no papel e oficializado (...) dentro de uma semana a dez dias", afirmou o chefe de Estado ucraniano, após negociações na Casa Branca com o Presidente norte-americano, Donald Trump, e vários líderes europeus.
O Presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou que uma das garantias de segurança para a Ucrânia, a acompanhar qualquer acordo de paz com a Rússia, deverá ser um exército ucraniano suficientemente "robusto" para impedir novos ataques de Moscovo.
"Pude voltar esta tarde ao conteúdo dessas garantias de segurança, que são um exército ucraniano robusto, capaz de resistir a qualquer tentativa de ataque e dissuadi-lo, e, portanto, sem limitações em número, capacidade ou armamento", disse Macron aos jornalistas. "Enquanto ele [o Presidente russo, Vladimir Putin] achar que pode vencer através da guerra, continuará", acrescentou.
Reino Unido e França vão discutir próximas etapas com aliados
A França e o Reino Unido vão reunir esta terça-feira a "coligação de voluntários" por videoconferência para discutir as garantias de segurança necessárias para pôr fim ao conflito na Ucrânia, anunciaram os dois governos.
A reunião será presidida conjuntamente pelo Presidente francês, Emmanuel Macron, e pelo primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, indicou a agência de notícias France-Presse.
A reunião da coligação formada por 30 países, maioritariamente europeus, servirá "para informar os líderes sobre os resultados das discussões em Washington", na segunda-feira, "e discutir os próximos passos", disse um porta-voz do Governo britânico.
- Com Lusa