Dominique Pelicot, o francês de 72 anos acusado de drogar e violar a ex-mulher, Gisèle Pelicot, foi esta quinta-feira considerado culpado de violações agravadas e condenado a 20 anos de prisão, a pena máxima em França.
"Senhor Pelicot, é considerado culpado de violação contra Gisèle Pelicot", declarou Roger Arata, o juiz presidente do Tribunal Criminal de Vaucluse, em Avignon (sul da França).
Todos os arguidos do processo foram considerados culpados dos crimes de violação, tentativa de violação e abuso sexual.
Os arguidos foram condenados a penas de prisão que variam entre os três e os 20 anos, sendo que duas são suspensas.
O advogado de Dominique Pelicot informou que o cliente está a ponderar recorrer da decisão do tribunal.
Gisèle Pelicot assistiu à leitura da sentença, no tribunal, acompanhada pelos três filhos e uma nora.
À porta do tribunal, muitos franceses seguravam cartazes com mensagens de apoio para Gisèle Pelicot.
O caso que chocou França e não só
Gisèle Pelicot foi drogada pelo marido, Dominique Pelicot, e violada por dezenas de homens, contactados pelo próprio, entre julho de 2011 e outubro de 2020.
A mulher de 71 anos não se recorda dos crimes que sofreu e apenas descobriu o que se passava em 2020, quando o marido foi apanhado num supermercado a tentar tirar fotografias às saias de clientes. O segurança do estabelecimento fez queixa e as autoridades começaram a investigar.
Durante as buscas, os investigadores encontraram no computador de Dominique milhares de fotografias e vídeos que mostram Gisèle, num estado inconsciente, a ser abusada sexualmente. Também foram encontradas imagens da filha do casal, Caroline Darian, completamente nua.
Dominique Pelicot admitiu que durante vários anos deixou a mulher inconsciente com drogas para que ele e estranhos, que recrutava através da internet, pudessem abusar dela enquanto filmava as agressões.
Em finais de outubro, Caroline Darian acusou o pai de violação. Numa publicação na rede social Instagram, escreveu:
“Como já devem ter reparado, eu própria sou vítima das ações de Dominique P. Ele drogou-me sem o meu conhecimento e sem que eu soubesse (…) e, sem dúvida, abusou da sua única filha".
O julgamento, que tem 51 arguidos (com idades compreendidas entre os 27 e os 74 anos), teve início a 3 de setembro.