
O casal presidencial francês avançou esta quarta-feira com uma ação judicial por difamação no estado norte-americano do Delaware, acusando a influencer e podcaster Candace Owens de publicar “ficções difamatórias e absurdas”, entre as quais a alegação de que Brigitte Macron nasceu homem, sob o nome Jean-Michel Trogneux, escreve o jornal “Financial Times”.
De acordo com a queixa, que tem 218 páginas, Owens terá ainda dito que Emmanuel e Brigitte Macron são parentes de sangue e que o chefe de Estado francês é resultado de um suposto projeto secreto da CIA para controlo mental.
“Princípios como a verdade não podem ser ignorados. Owens teve várias oportunidades de se retratar e, em vez disso, limitou-se a fazer troça do casal”, afirmou o advogado dos Macrons, Thomas Clare, citado pelo “Financial Times”.
Segundo o representante legal, Emmanuel e Brigitte Macron estão dispostos a deslocar-se a Delaware para testemunhar presencialmente no julgamento, que será decidido por um júri, com pedido de indemnizações punitivas.
A ação centra-se na série online “Becoming Brigitte”, composta por oito episódios e publicada por Candace Owens nas suas plataformas digitais, incluindo o YouTube, com mais de 2,3 milhões de visualizações.
Segundo a queixa, a influencer (criadora de conteúdos digital) terá “explorado uma alegação falsa sobre o género de Brigitte Macron para promover a sua plataforma pessoal, ganhar notoriedade e lucro”. O casal afirma ter sofrido “danos de reputação significativos”, além de gastar dinheiro para repor a verdade.
As alegações de que Brigitte Macron seria biologicamente do sexo masculino começaram por surgir em França em 2021. A primeira-dama chegou a avançar com um processo judicial por difamação no seu país, que venceu em primeira instância, mas foi posteriormente anulado em recurso, uma decisão que continua a contestar.
Candace Owens, de 36 anos, tornou-se conhecida como ativista conservadora e tem cerca de 5,6 milhões de seguidores no Instagram. É casada com George Farmer, antigo CEO da rede social Parler, apoiada por Donald Trump.
O Presidente francês falou pela primeira vez sobre o caso em 2023 e classificou as teorias como “falsidades fabricadas em que algumas pessoas acabam por acreditar”.
Em comunicado, o casal Macron justificou o processo judicial com “a reafirmação sistemática destas mentiras por parte de Owens”, sublinhando que o recurso aos tribunais foi “a única opção que restava”.
Texto escrito por Nadja Pereira e editado por Hélder Gomes.