O Presidente do Brasil e o primeiro-ministro indiano sublinharam ontem que querem explorar uma maior integração das suas economias, após os dois países terem sofrido com tarifas dos Estados Unidos, sendo "os dois países mais afetados".

De acordo com um comunicado da presidência brasileira, Lula da Silva e Narendra Modi estiveram hoje uma reunião por telefone, na qual "discutiram o cenário económico internacional e a imposição de tarifas unilaterais".

"Brasil e Índia são, até o momento, os dois países mais afetados", recordou a presidência brasileira, frisando que ambos, fundadores do grupo BRICS, "reafirmaram a importância em defender o multilateralismo e a necessidade de fazer frente aos desafios da conjuntura, além de explorar possibilidades de maior integração entre os dois países".

Os dois países querem também reforçar o comércio entre o bloco MERCOSUL, presidido pelo Brasil, e a Índia.

"Trocaram informações sobre as plataformas de pagamento virtual dos dois países, incluindo o PIX e a UPI indiana", lê-se na mesma nota.

Lula da Silva confirmou ainda a realização de uma visita de Estado à Índia no início do próximo ano e que o seu vice-Presidente, Geraldo Alckmin, deslocar-se-á ao país em outubro por ocasião da reunião do Mecanismo de Monitorização de Comércio.

Para além de Geraldo Alckmin, a delegação contará "com ministros e empresários brasileiros para tratar de cooperação na área comercial, de defesa, energia, minerais críticos, saúde e inclusão digital".

Na quarta-feira, entraram em vigor as tarifas de 50% dos Estados Unidos para vários produtos brasileiros, numa tentativa de Washington de pressionar a favor da amnistia ao ex-Presidente brasileiro Jair Bolsonaro.

Numa crise diplomática sem precedentes entre os dois países, Donald Trump e a Casa Branca têm apelidado de "caça às Bruxas" o processo no qual Jair Bolsonaro é acusado de tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.

Também na quarta-feira, Washington anunciou um aumento de 50% das sobretaxas aduaneiras sobre os produtos indianos importados, devido à compra de petróleo russo por Nova Deli.