Blinken reuniu-se com o principal responsável da cidade, o secretário local do Partido Comunista, Chen Jining, e "manifestou a sua preocupação com as políticas comerciais [chinesas] e as práticas económicas não mercantis", afirmou o Departamento de Estado, em comunicado.

Blinken sublinhou que os Estados Unidos procuram uma concorrência económica saudável com a China e "condições equitativas para os trabalhadores e as empresas norte-americanas que operam" no país asiático.

"As duas partes reafirmaram a importância dos laços entre os povos dos Estados Unidos e [da China], incluindo a expansão dos intercâmbios entre estudantes, académicos e empresários", acrescentou.

O excedente comercial multibilionário da China com os EUA, juntamente com as acusações de usurpação de propriedade intelectual e outras práticas consideradas discriminatórias para as empresas norte-americanas na China, têm sido fonte de fricção nas relações.

A China tem também levantado fortes objeções às acusações norte-americanas sobre violações dos Direitos Humanos e ao apoio de Washington a Taiwan, a ilha que Pequim considera ser uma província sua contra a qual ameaça usar a força para alcançar a reunificação.

Blinken chegou a Xangai na quarta-feira, pouco antes de o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, assinar um pacote de ajuda externa de 95 mil milhões de dólares (mais de 88 mil milhões de euros) que contém vários elementos suscetíveis de enfurecer Pequim, incluindo 8 mil milhões de dólares (7,4 mil milhões de euros) para contrariar a crescente agressividade da China em relação a Taiwan e no Mar do Sul da China.

Pequim tem-se insurgido contra a assistência dos EUA a Taiwan e condenou imediatamente a ajuda como uma provocação perigosa. Também se opõe fortemente aos esforços para forçar a venda do TikTok, a plataforma de partilha de vídeos detida por uma empresa chinesa.

"Penso que é importante sublinhar o valor - na verdade, a necessidade - de um compromisso direto, de falarmos uns com os outros, de expormos as nossas diferenças, que são reais, e de procurarmos ultrapassá-las", disse Blinken a Chen.

"Temos uma obrigação para com o nosso povo, e mesmo uma obrigação para com o mundo, de gerir de forma responsável as relações entre os nossos dois países", afirmou. "É essa a obrigação que temos e que levamos muito a sério".

Chen disse esperar que Blinken obtenha uma "profunda impressão e compreensão" de Xangai, uma cidade repleta de arranha-céus, portos e mais de 25 milhões de pessoas que é um íman para jovens ambiciosos da China e do estrangeiro.

Os EUA manifestaram a preocupação de que o potencial excesso de capacidade das indústrias chinesas - como os veículos elétricos, o aço e os painéis solares - possa eliminar os fabricantes norte-americanos e estrangeiros.

Pouco após a sua chegada, Blinken assistiu a um jogo de basquetebol entre os Shanghai Sharks e os Zhejiang Golden Bulls, com a equipa da casa a perder nos últimos segundos por 121-120.

Com a corrida presidencial norte-americana a aquecer, não é claro quais as ramificações que uma vitória de Joe Biden ou do antigo Presidente Donald Trump poderá ter para as relações. Trump poderia aprofundar uma guerra comercial que iniciou durante o seu primeiro mandato. A sua retórica dura em relação à China e a sua abordagem isolacionista da política externa podem aumentar as incertezas.

JPI // PSC

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