Imagine entrar num TVDE com a tranquilidade de saber que, a cada instante, a tecnologia está ao nosso lado, vigilante e pronta a intervir. Mas quantas vezes exploramos as ferramentas de segurança que as aplicações já oferecem? A verdade é que a maioria de nós não o faz, e isso não acontece porque somos irresponsáveis ou descuidados.

Acontece porque estas funcionalidades, que poderiam alterar a perceção de segurança, vivem num limbo discreto entre o seu destaque no ecrã e o nosso uso mais apressado das aplicações. Com a segurança a desempenhar um papel central na forma como nos movemos dentro e fora das cidades, há que trazer esta conversa para a esfera pública, com a urgência e visibilidade que merece.

As aplicações de mobilidade têm revolucionado o nosso quotidiano, mas a revolução só está completa se vier acompanhada da noção correta da segurança existente. Felizmente, as ferramentas para isso já existem e continuam a evoluir a um ritmo impressionante: botões de SOS, partilhas de localização em tempo real, inteligência artificial para deteção de comportamentos suspeitos em viagem, verificações de identidade; a lista é vasta. O problema não é a ausência de mecanismos, mas sim a ausência de conhecimento e, muitas vezes, de confiança para os usar. Se o público não sabe que está protegido, a sensação de insegurança persiste e, com ela, a vulnerabilidade.

Vivemos numa época em que "user-friendly" se tornou quase sinónimo de "descomplicado", mas a segurança é complexa por natureza. Educar para essa complexidade é, ironicamente, a única maneira de simplificar o seu uso. Este é o desafio e, ao mesmo tempo, a oportunidade que temos diante de nós.

O próximo passo, portanto, é claro: normalizar estas conversas e tornar a segurança parte integrante da experiência do utilizador. As funções já existem, as notificações e pop-ups vão surgindo, mas é fundamental que este conhecimento se torne matéria generalizada e que seja explorada. As conversas precisam de surgir de todos os intervenientes que usam as plataformas – e, aqui, reportar e avaliar são, também, ferramentas-chave que ajudam não só a solucionar situações e experiências menos positivas, mas sobretudo a impulsionar o setor para que evite a sua repetição.

O conhecimento é, por si só, uma ferramenta de prevenção e, acima de tudo, gera confiança – sendo esta a base de qualquer relação. Se utilizadores e aplicações estiverem unidos no mesmo nível de conhecimento, a mobilidade andará a um ritmo muito mais saudável.

Responsável de ride-hailing da Bolt