
O incêndio que deflagrou nos concelhos de Trancoso (Guarda) e Sátão (Viseu) ganhou proporções alarmantes, espalhando-se por dez municípios e mantendo várias frentes ativas. De acordo com a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), o cenário mais preocupante está entre Penedono e São João da Pesqueira, onde uma frente de fogo com mais de 20 quilómetros desafia as equipas no terreno.
No total, 1 368 operacionais, apoiados por 461 veículos, sete máquinas de rasto e meios aéreos, combatem o avanço das chamas nesta região. Em todo o país, mais de 3 500 bombeiros e 1 200 meios terrestres estão mobilizados para enfrentar múltiplos incêndios ativos.
Segundo dados do EFFIS e do ICNF, o incêndio em Trancoso já destruiu 13 741 hectares de território. As chamas afetaram diversas habitações — sobretudo devolutas ou de segunda residência —, armazéns, empresas e veículos. Foram registados três feridos ligeiros, incluindo um bombeiro que sofreu inalação de fumo, regressando ao serviço após assistência.
Entre as histórias mais marcantes, está a de um idoso de 80 anos, residente em Fornos de Algodres, que perdeu todos os seus bens no incêndio. Uma campanha solidária mobilizou milhares de pessoas e já arrecadou mais de 59 000 euros para ajudá-lo a recomeçar.
Noutro ponto da região, um incêndio na Guarda provocou a destruição de seis casas e dois automóveis. As autoridades ainda avaliam a extensão total dos danos, mas confirmam que a maioria das habitações atingidas estava situada em zonas rurais, com acesso difícil para os meios de combate.
As operações no local contaram com dezenas de bombeiros, apoiados por viaturas e tanques de água, numa corrida contra o tempo para travar o avanço das chamas. Apesar da destruição material significativa, não há registo de vítimas mortais neste incidente.
Esta sexta-feira, a Proteção Civil registou 65 incêndios rurais entre a meia-noite e as 17h00, mobilizando 2 080 operacionais, 556 meios terrestres e executando 170 missões aéreas.
Segundo o comandante nacional de Emergência e Proteção Civil, Mário Silvestre, 16 destes incêndios ocorreram em período noturno, o que dificultou a atuação inicial.
No ponto de situação das 19h00, de 14 incêndios ainda ativos, 10 estavam entre os mais preocupantes, localizados em: Beiras e Serra da Estrela, Viseu Dão-Lafões, Arganil, Cinfães, Lousã, Portalegre, Guarda, Freixo de Espada à Cinta, Sabugal, Figueiró dos Vinhos.
Estes fogos concentravam 3 023 operacionais, 1 000 veículos e 26 meios aéreos. A ANEPC confirmou que os meios aéreos enviados pela Suécia deverão começar a operar na segunda-feira, reforçando o combate às chamas.