
O incêndio que eclodiu em Arganil e passou para o concelho de Oliveira do Hospital está longe de estar controlado e o presidente deste último município antecipou uma noite de alerta até ser possível dominar as chamas.
Em declarações à Agência Lusa quando passavam cinco minutos das 20h, José Francisco Rolo indicou que uma das frentes mais preocupantes lavra na encosta entre o monte do Colcurinho e a povoação de Chão Sobral, onde residem mais de 100 pessoas, algumas das quais, nomeadamente as mais idosas, foram já previamente retiradas por precaução.
“Vai ser uma noite de alerta reforçado e de vigilância. Vamos ter aqui uma noite comprida e de muito trabalho”, afirmou o autarca, que é também o responsável máximo da Proteção Civil no concelho.
“Esta é a parte do fogo que, desde manhã, tem estado na linha de cumeada, tem vindo a descer lentamente, é uma zona muito íngreme, muito acentuada, uma zona de matos bastante densos e de difícil acesso”, explicou.
Rolo considerou ainda que o “fator de risco e a grande ameaça” decorre da mudança de direção do vento: “ora está a favor do fogo e fá-lo progredir em direção à aldeia de Chão do Sobral, ora está em sentido contrário e o fogo amaina, retarda, empurra-o de volta para a cumeada”, frisou.
Francisco Rolo disse ainda que os bombeiros “estão a fazer tudo para conseguirem controlar” esta frente de fogo ao longo da noite, estando “a estudar uma forma, com ajuda de maquinaria pesada, de criar aceiros, linhas de corte de fogo, para evitar que ele desça”.
“É importante que ele não passe um estradão, que existe ali a meia encosta, porque aí sim, as coisas ganham outra proporção”, avisou.
Rolo critica a não-utilização de meios aéreos
O presidente da Câmara criticou, por outro lado, a alegada não utilização de meios aéreos naquela frente de chamas, ao longo da tarde, que, na sua opinião, “com duas ou três descargas, tinham resolvido o problema”.
“Estamos a falar de uma zona de regeneração natural após os incêndios de 2017. Pinheiros que têm oito anos, já têm alguma dimensão, toda esta zona é de regeneração natural, quer na parte do pinheiro-bravo, que no eucaliptal. Isto nem era zona de eucaliptal, mas por regeneração natural e projeções, está pejada de eucaliptos. Se não combatermos o fogo no mato, como é que protegemos as casas?”, inquiriu Francisco Rolo.
Durante a tarde, o presidente de Oliveira do Hospital antecipava problemas no sul do concelho, na fronteira com Arganil e, na aldeia de Gramaça, os habitantes acabaram por viver “momentos de grande aflição”, sem, no entanto, causar danos pessoais ou em habitações. Devido a um fenómeno extremo, o chamado ‘efeito chaminé’, em que as chamas sobem a grande velocidade, o fogo “passou a grande velocidade pela aldeia”, constatou.
“Foi num ápice que o fogo subiu. Progrediu do Porto Silvado, no concelho de Arganil, galgou encosta acima, entrou no concelho de Oliveira do Hospital, passou pela aldeia e causou alguns danos em arrumos agrícolas, divisórias de madeira e quintais, mas felizmente sem causar vítimas ou danos nas casas”, referiu Francisco Rolo.
O incêndio que começou pelas cinco da manhã desta quarta (13) na freguesia do Piódão, concelho de Arganil, tem várias frentes ativas, tendo-se estendido, também, ao município de Seia, já no distrito da Guarda.
Às 23h49, hora a que a Rádio Boa Nova publicava esta notícia, o incêndio era combatido por 857 operacionais e 278 viaturas.
- com Lusa