Os gastos das famílias com saúde aumentaram 5% em 2023, impulsionadas pelo crescimento das despesas em hospitais, consultórios e nas clínicas privadas, divulgou hoje o Instituto Nacional de Estatística (INE).

De acordo com a Conta Satélite da Saúde 2024, a despesa das famílias em hospitais privados aumentou 12,6%, em prestadores de serviços de cuidados de saúde continuados como atividade secundária 11,7%, em outras vendas de bens médicos 8,0% e em prestadores privados de cuidados de saúde em ambulatório 6,5%.

O INE registou também que as famílias “reduziram em 4,8% a sua despesa em farmácias, especialmente na aquisição de equipamentos de proteção individual (EPI), desinfetantes, autotestes e testes rápidos de antigénio de uso profissional”.

Os dados revelaram ainda que a despesa do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e dos Serviços Regionais de Saúde (SRS) das Regiões Autónomas aumentou 3,6% em 2023, menos 3,2 pontos percentuais (p.p.) do que em 2022 (6,8%).

“O financiamento dos hospitais públicos cresceu 8,4%, principalmente devido ao aumento dos custos com o pessoal”, lê-se no documento publicado hoje no ‘site’ do INE.

O crescimento deveu-se à valorização da carreira dos enfermeiros e das remunerações dos trabalhadores em funções públicas e à prorrogação do regime do trabalho suplementar dos médicos em serviços de urgência.

O aumento dos serviços de saúde contratados a entidades convencionadas nas áreas de internamento, hemodiálise e medicina física de reabilitação contribuiu para o crescimento da despesa com hospitais privados (12,4%) e com prestadores privados de cuidados de saúde em ambulatório (10,9%).

A despesa com prestadores públicos de cuidados de saúde em ambulatório registou uma redução significativa de 14,5%, justificada essencialmente pela diminuição dos custos associados ao processo de vacinação contra a covid-19.

A despesa em farmácias teve um decréscimo de 2,1%, refletindo o fim da comparticipação dos testes rápidos de antigénio de uso profissional.

O INE estima para 2024 o aumento da despesa corrente dos principais agentes financiadores, destacando-se as sociedades de seguros (17,3%), o SNS e SRS (10,2%) e os subsistemas de saúde públicos voluntários (9,7%).

“Em termos estruturais, prevê-se o reforço do peso relativo do SNS e SRS (+0,7 p.p.) e das sociedades de seguros (+0,4 p.p.), enquanto a despesa das famílias deverá perder importância relativa, com uma redução estimada de 1,1 p.p.”, sublinhou.