
A Rússia foi o primeiro país do mundo a reconhecer oficialmente os talibãs como o governo legítimo do Afeganistão, pouco depois de retirá-los da lista de organizações terroristas.
A decisão foi tomada pelo presidente russo, Vladimir Putin, sob proposta do Ministério das Relações Exteriores, disse hoje o embaixador russo em Cabul, capital do Afeganistão, Dmitri Zhirnov, à televisão estatal.
O reconhecimento oficial da Rússia do Emirado Islâmico do Afeganistão, controlado pelo Talibã, aconteceu na quarta-feira após a apresentação das credenciais do novo embaixador em Moscovo, Gul Hasan, sendo, assim, o primeiro país a fazê-lo desde que os fundamentalistas voltaram ao poder naquele país, em 2021.
"Acreditamos que o ato de reconhecimento oficial do governo do Emirado Islâmico do Afeganistão impulsionará o desenvolvimento de uma cooperação bilateral frutífera entre os nossos países em vários campos", afirmou o Ministério das Relações Exteriores da Rússia em comunicado.
O texto realça que a Rússia percebe que as novas autoridades afegãs abrem "perspetivas significativas de cooperação" económica e comercial, bem como em projetos de energia, agricultura, transporte e infraestruturas.
"Continuaremos a apoiar Cabul no fortalecimento da segurança regional e na luta contra as ameaças do terrorismo e do tráfico de drogas", reforçou.
Até à chegada do novo embaixador à Rússia, o Afeganistão dos Talibã - que estava na lista de terroristas da Rússia desde 2003 - era representado por um encarregado de negócios, mas em abril o país liderado por Putin decidiu oferecer o mais alto estatuto diplomático aquele Estado Islâmico, depois de ter retirado os talibã da lista de terroristas, através de uma decisão do Supremo Tribunal.
Com o objetivo de normalizar as relações com as novas autoridades em Cabul, a Rússia aprovou uma lei que permite que um tribunal restabeleça as atividades de um grupo terrorista se este provar que cessou as suas atividades criminosas.
Desde o final de 2024, Moscovo tem vindo a defender publicamente tentativas de normalizar as relações com as novas autoridades de Cabul com base numa abordagem supostamente pragmática de combinação de esforços na luta contra o tráfico de drogas e o terrorismo.